segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Avatar fascina pelos efeitos, mas também pela “culpa ecológica”

É preciso ver pra crer. Como não levo a sério as dicas dos outros sem conferir, fui encarar o filme Avatar, do cineasta James Cameron, neste final de semana no Teresina Shopping. Em meio a um bombardeio publicitário sobre a ousadia do filme, é necessário ser um “tomeista” de plantão para não sair da sala de cinema arrependido por assistir aos filmes-pipocas lançados por Hollywood. Mas, Avatar, o longa-metragem mais caro do cinema, não é um filme de deixar o queixo caído, mas sem dúvida é fenomenal.


O longa me tocou não por suas técnicas revolucionárias, que criou personagens virtuais em três dimensões, mas pela sua forte mensagem de como a humanidade está tratando o planeta.




Em Avatar não há um tom didático ou engajado, já que as imagens valem por mil palavras. Uma das cenas que mais me chocou foi à derrubada da árvore sagrada e o choro coletivo de uma nação para aquela destruição. Era como se aquela árvore fosse parte deles, como se fosse um ser como eles.


A novidade em Avatar é a sua floresta bioflurescente com plantas que emitem luz multicoloridas, lugar inabitado para os humanos e que tem seres parecidos com dinossauros, predadores, e criaturas assustadoras. O magnetismo da selva são também os belos humanóides azulados e esguios que se conectam com animais e plantas.


A história de "Avatar" é ambientada no século 22 (ano de 2154) e mostra um grupo de humanos de olho em um valioso mineral encontrado no planeta Pandora, habitado por uma raça humanóide nativa chamada Na'vi. O longa mostra um ex-soldado tetraplégico e amargo, que perdeu os movimentos das pernas em combate, que se alista para a exploração do planeta Pandora.


Assistindo ao filme, lembrei de uma entrevista de James Cameron e ele dizia sobre Avatar: “Quero criar um sonho que possa ser sonhado coletivamente em uma sala de cinema”. A trama é simples e previsível, em alguns momentos meloso, mas planta uma semente, já que estamos brigando por pré-sal, enfrentando apagões com crise energética, mortes por rompimento de barragem, o filme pode despertar para o fenômeno da degradação ambiental e as calamidades naturais.




O filme é pivô de uma mudança em Hollywood que promete revolucionar o mercado cinematográfico com sua superprodução de mais de R$ 230 milhões, o mais caro da história do cinema.




Guerra ao terror

Mas, Cameron é persistente e impressiona pela sua metáfora sobre o futuro do planeta, as guerras, as queimadas, os desmatamentos, a culpa ecológica. O fraco contra os fortes. Resistência. Não é um filme “ecochatices”. Ele dá um tapa com luva de película no desencanto ao imperialismo armado, simula a guerra ao terror e se as imagens da invasão ao planeta Pandora lhe remeterem as ocupações no Iraque e Afeganistão, não se assuste, pois são meras semelhanças.

Veja aqui a trilha sonora de Avatar


A cantora Leona Lewis com "I see you" (canção tema do filme)

Vá ao cinema e se prepare para ver cenas extasiantes, mas não deixe de perceber que somos fortes, temos armas, tecnologia, mas a força da natureza é implacável...Avatar, sem sobra de dúvida, é um alerta para o que está acontecendo conosco, na Terra. E não pense que a saga é coisa de filme-catrástrofe, futurista, ou de Nostradamus. É real...

Yala Sena

domingo, 13 de dezembro de 2009

Quatro frases que fazem o nariz do Pinóquio crescer o texto circulou creditado a Eduardo Galeano

1 – Somos todos culpados pela ruína do planeta.

A saúde do mundo está feito um caco. ‘Somos todos responsáveis’, clamam as vozes do alarme universal, e a generalização absolve: se somos todos responsáveis, ninguém é. Como coelhos, reproduzem-se os novos tecnocratas do meio ambiente. É a maior taxa de natalidade do mundo: os experts geram experts e mais experts que se ocupam de envolver o tema com o papel celofane da ambiguidade. Eles fabricam a brumosa linguagem das exortações ao ‘sacrifício de todos’ nas declarações dos governos e nos solenes acordos internacionais que ninguém cumpre. Estas cataratas de palavras – inundação que ameaça se converter em uma catástrofe ecológica comparável ao buraco na camada de ozônio – não se desencadeiam gratuitamente. A linguagem oficial asfixia a realidade para outorgar impunidade à sociedade de consumo, que é imposta como modelo em nome do desenvolvimento, e às grandes empresas que tiram proveito dele. Mas, as estatísticas confessam. Os dados ocultos sob o palavreado revelam que 20 por cento da humanidade cometem 80 por cento das agressões contra a natureza, crime que os assassinos chamam de suicídio, e é a humanidade inteira que paga as consequências da degradação da terra, da intoxicação do ar, do envenenamento da água, do enlouquecimento do clima e da dilapidação dos recursos naturais não-renováveis. A senhora Harlem Bruntland, que encabeça o governo da Noruega, comprovou recentemente que, se os 7 bilhões de habitantes do planeta consumissem o mesmo que os países desenvolvidos do Ocidente, “faltariam 10 planetas como o nosso para satisfazerem todas as suas necessidades.” Uma experiência impossível.

Mas, os governantes dos países do Sul que prometem o ingresso no Primeiro Mundo, mágico passaporte que nos fará, a todos, ricos e felizes, não deveriam ser só processados por calote. Não estão só pegando em nosso pé, não: esses governantes estão, além disso, cometendo o delito de apologia do crime. Porque este sistema de vida que se oferece como paraíso, fundado na exploração do próximo e na aniquilação da natureza, é o que está fazendo adoecer nosso corpo, está envenenando nossa alma e está deixando-nos sem mundo.

2 – É verde aquilo que se pinta de verde.

Agora, os gigantes da indústria química fazem sua publicidade na cor verde, e o Banco Mundial lava sua imagem, repetindo a palavra ecologia em cada página de seus informes e tingindo de verde seus empréstimos. “Nas condições de nossos empréstimos há normas ambientais estritas”, esclarece o presidente da suprema instituição bancária do mundo. Somos todos ecologistas, até que alguma medida concreta limite a liberdade de contaminação.

Quando se aprovou, no Parlamento do Uruguai, uma tímida lei de defesa do meio-ambiente, as empresas que lançam veneno no ar e poluem as águas sacaram, subitamente, da recém-comprada máscara verde e gritaram sua verdade em termos que poderiam ser resumidos assim: “os defensores da natureza são advogados da pobreza, dedicados a sabotarem o desenvolvimento econômico e a espantarem o investimento estrangeiro.” O Banco Mundial, ao contrário, é o principal promotor da riqueza, do desenvolvimento e do investimento estrangeiro. Talvez, por reunir tantas virtudes, o Banco manipulará, junto à ONU, o recém-criado Fundo para o Meio-Ambiente Mundial. Este imposto à má consciência disporá de pouco dinheiro, 100 vezes menos do que haviam pedido os ecologistas, para financiar projetos que não destruam a natureza. Intenção inatacável, conclusão inevitável: se esses projetos requerem um fundo especial, o Banco Mundial está admitindo, de fato, que todos os seus demais projetos fazem um fraco favor ao meio-ambiente. O Banco se chama Mundial, da mesma forma que o Fundo Monetário se chama Internacional, mas estes irmãos gêmeos vivem, cobram e decidem em Washington. Quem paga, manda, e a numerosa tecnocracia jamais cospe no prato em que come. Sendo, como é, o principal credor do chamado Terceiro Mundo, o Banco Mundial governa nossos escravizados países que, a título de serviço da dívida, pagam a seus credores externos 250 mil dólares por minuto, e lhes impõe sua política econômica, em função do dinheiro que concede ou promete. A divinização do mercado, que compra cada vez menos e paga cada vez pior, permite abarrotar de mágicas bugigangas as grandes cidades do sul do mundo, drogadas pela religião do consumo, enquanto os campos se esgotam, poluem-se as águas que os alimentam, e uma crosta seca cobre os desertos que antes foram bosques.

3 – Entre o capital e o trabalho, a ecologia é neutra.

Poder-se-á dizer qualquer coisa de Al Capone, mas ele era um cavalheiro: o bondoso Al sempre enviava flores aos velórios de suas vítimas... As empresas gigantes da indústria química, petroleira e automobilística pagaram boa parte dos gastos da Eco 92: a conferência internacional que se ocupou, no Rio de Janeiro, da agonia do planeta. E essa conferência, chamada de Reunião de Cúpula da Terra, não condenou as transnacionais que produzem contaminação e vivem dela, e nem sequer pronunciou uma palavra contra a ilimitada liberdade de comércio que torna possível a venda de veneno.

No grande baile-de-máscaras do fim do milênio, até a indústria química se veste de verde. A angústia ecológica perturba o sono dos maiores laboratórios do mundo que, para ajudarem a natureza, estão inventando novos cultivos biotecnológicos. Mas, esses desvelos científicos não se propõem encontrar plantas mais resistentes às pragas sem ajuda química, mas sim buscam novas plantas capazes de resistir aos praguicidas e herbicidas que esses mesmos laboratórios produzem. Das 10 maiores empresas do mundo produtoras de sementes, seis fabricam pesticidas (Sandoz-Ciba-Geigy, Dekalb, Pfizer, Upjohn, Shell, ICI). A indústria química não tem tendências masoquistas.

A recuperação do planeta ou daquilo que nos sobre dele implica na denúncia da impunidade do dinheiro e da liberdade humana. A ecologia neutra, que mais se parece com a jardinagem, torna-se cúmplice da injustiça de um mundo, onde a comida sadia, a água limpa, o ar puro e o silêncio não são direitos de todos, mas sim privilégios dos poucos que podem pagar por eles. Chico Mendes, trabalhador da borracha, tombou assassinado em fins de 1988, na Amazônia brasileira, por acreditar no que acreditava: que a militância ecológica não pode divorciar-se da luta social. Chico acreditava que a floresta amazônica não será salva enquanto não se fizer uma reforma agrária no Brasil. Cinco anos depois do crime, os bispos brasileiros denunciaram que mais de 100 trabalhadores rurais morrem assassinados, a cada ano, na luta pela terra, e calcularam que quatro milhões de camponeses sem trabalho vão às cidades deixando as plantações do interior. Adaptando as cifras de cada país, a declaração dos bispos retrata toda a América Latina. As grandes cidades latino-americanas, inchadas até arrebentarem pela incessante invasão de exilados do campo, são uma catástrofe ecológica: uma catástrofe que não se pode entender nem alterar dentro dos limites da ecologia, surda ante o clamor social e cega ante o compromisso político.

4 – A natureza está fora de nós.

Em seus 10 mandamentos, Deus esqueceu-se de mencionar a natureza. Entre as órdens que nos enviou do Monte Sinai, o Senhor poderia ter acrescentado, por exemplo: “Honrarás a natureza, da qual tu és parte.” Mas, isso não lhe ocorreu. Há cinco séculos, quando a América foi aprisionada pelo mercado mundial, a civilização invasora confundiu ecologia com idolatria. A comunhão com a natureza era pecado. E merecia castigo. Segundo as crônicas da Conquista, os índios nômades que usavam cascas para se vestirem jamais esfolavam o tronco inteiro, para não aniquilarem a árvore, e os índios sedentários plantavam cultivos diversos e com períodos de descanso, para não cansarem a terra. A civilização, que vinha impor os devastadores monocultivos de exportação, não podia entender as culturas integradas à natureza, e as confundiu com a vocação demoníaca ou com a ignorância. Para a civilização que diz ser ocidental e cristã, a natureza era uma besta feroz que tinha que ser domada e castigada para que funcionasse como uma máquina, posta a nosso serviço desde sempre e para sempre. A natureza, que era eterna, nos devia escravidão. Muito recentemente, inteiramo-nos de que a natureza se cansa, como nós, seus filhos, e sabemos que, tal como nós, pode morrer assassinada. Já não se fala de submeter a natureza. Agora, até os seus verdugos dizem que é necessário protegê-la. Mas, num ou noutro caso, natureza submetida e natureza protegida, ela está fora de nós. A civilização, que confunde os relógios com o tempo, o crescimento com o desenvolvimento, e o grandalhão com a grandeza, também confunde a natureza com a paisagem, enquanto o mundo, labirinto sem centro, dedica-se a romper seu próprio céu.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

REAPI diz que o Piauí está mal representado em Copenhague

A Rede Ambiental do Piauí – REAPI divulga nota expondo que o Piauí está mal representado na Conferência do Clima (COP -15), pois o movimento afirma que o secretário de meio ambiente, Dalton Macambira, o qual representa o governador, é um dos maiores “predadores” da biodiversidade piauiense.

Para o coordenador de mobilização social da REAPI, Dionísio Neto, a COP-15 é um marco histórico para manter a vida e o equilíbrio do planeta, mas ele afirma que o Piauí estará mal representado na Conferência, e que o governo apresenta muitas inverdades sobre proteção ambiental.

“É um absurdo que o Governo do Estado divulgue para a população piauiense que 80% de nossas florestas estão protegidas, e gostaríamos de saber onde está esse estudo que prova isso. Acreditamos que nem 50% está protegido. ”, enfatizou Dionísio.

Ainda ressaltou que as propagandas veiculadas na mídia são pra iludir a população na tentativa de mascarar a destruição, durante o período da Conferência do Clima, visto também, que o Piauí já é um destaque negativo mundialmente pelo fato da desertificação em Gilbués.

“A SEMAR afirma que o combate a desertificação na região de Gilbués é um modelo a ser seguido, mas um modelo destruição que beneficia apenas empresários da mineração de diamantes vindos de outros países, e também um suposto primo do vice-governador do Piauí de nome, Heraldo Martins. ”, disse.

A REAPI ainda lançou a quarta campanha pela Serra Vermelha em novembro, apontando o governador, Wellington Dias, e o secretário, Dalton Macambira, como os principais predadores da biodiversidade da região, pois a área está sendo entregue para a produção de carvão para as siderúrgicas. Lembrou ainda que esse favorecimento de carvoarias no estado se deve por que o governador foi favorecido financeiramente durante as últimas eleições, a exemplo da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, a qual fez a maior doação em dinheiro nas últimas eleições segundo o site congresso em foco. (http://congressoemfoco.ig.com.br/Noticia.aspx?id=12672)

“Não existe compromisso com o clima e muito menos com as gerações futuras, daqui a alguns anos o governador vai estar nos veículos de comunicação pedindo desculpas por contribuído com a destruição de nossa maior riqueza, que é a biodiversidade, a qual movimenta nossa economia e qualidade de vida.”, concluiu.

Fonte: Assessoria REAPI

Campanha Tic Tac Tic Tac no Piauí

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Brasileiros preocupados com aquecimento global

Brasileiros preocupados com aquecimento global

Pesquisa feita pelo Senado revela que o aquecimento global preocupa a grande maioria dos brasileiros.

O brasileiro está consciente do processo de mudanças climáticas que atinge o planeta. É o que aponta pesquisa nacional realizada pela Secretaria de Pesquisa e Opinião Pública (Sepop) do Senado Federal, que ouviu os cidadãos sobre o aquecimento global. Para 99% dos entrevistados, o clima no mundo está mudando e a temperatura está se tornando mais quente. 79% se disseram muito preocupados com o assunto. 90% dos moradores da Região Norte disseram acreditar que, em um futuro próximo, irão sofrer conseqüências negativas com o aquecimento do planeta.

Para 68,9% dos entrevistados, o aquecimento global é resultado da interferência do homem no meio ambiente. 64% dos brasileiros, porém, mostraram desconhecer o peso que as queimadas e o uso irregular do solo têm na emissão de gases de efeito estufa pelo Brasil.

Quando indagados sobre a responsabilidade pelo aquecimento global, 56% disseram que a culpa é de um grupo de países. 44%, porém, afirmaram que todos os países devem ser responsabilizados pelo problema. Quanto ao papel do Brasil, 50% responderam que o país contribui muito para o aquecimento. Já 48% acreditam que o Brasil contribui pouco para as mudanças climáticas.

A pesquisa contou com 1.551 entrevistas com pessoas maiores de 16 anos entre os dias 18 de novembro e 1º de dezembro. Feita por telefone em 81 municípios representativos de todas as regiões do país, a pesquisa tem margem de erro de 3% para mais ou para menos.


(Envolverde/Agência Senado)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

CAMPANHA DENUNCIA DESTRUIÇÃO DA SERRA VERMELHA



A falta de uma decisão política para criar o Parque Nacional Serra Vermelha, levou a Rede Ambiental do Piauí (REAPI), com o apoio de mais de quarenta ONGs do Brasil inteiro, a retomar a campanha SOS Serra Vermelha.

Nesta quarta etapa da mobilização, os ambientalistas denunciam os principais responsáveis por impedir a preservação da rica biodiversidade na região, entre eles o Governador do Piauí, Wellington Dias e o Ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.
Foi lançado um cartaz (em anexo) que além de ser distribuído por todo o país, será levado a Copenhague, onde os maiores líderes do planeta estarão discutindo sobre a diminuição da emissão de gases na atmosfera, de 07 a 18 de dezembro.
Também será encaminhado para todas as ONGs nacionais e internacionais, bem como para a bancada ambiental da Câmara de Deputados. O principal objetivo é mostrar que alguns políticos não querem a preservação da área, preferindo destiná-la para a produção de carvão.


Por favor, ganhe alguns minutos do teu tempo e assine esta petição em favor do Parque Nacional Serra Vermelha!

Faça também chegar esta mensagem a quem você gosta e considera ser sensível a esta causa, que é de todos.

Assine na última linha e proceda da forma recomendada.

001 – Tânia Martins – taniamartinsj@gmail.com - Teresina/PI – Brasil
002 -

Por favor, mantenha a formatação ao inserir seu nome.
Após inserir o seu nome mande este manifesto para seus amigos.

Mas se você for o número 1.000, por favor:
1. Preencha o número 1.000 e envie para REAPI: reapi.pi@gmail.com
2. Comece uma nova lista sendo você 001 e envie o manifesto para seus amigos.

Você será a parte do final de uma lista e o começo da outra.

Primata que abriga o semi-árido piauiense corre risco de desaparecer


Por falta de habitat o macaco bugio-preto (Alouatta Caraya), que vive no semi-árido piauiense, está ameaçado de extinção.

Mapeamento realizado em 31 municípios no Sul do Piauí mostra que há poucos registros do primata na região. Os pesquisadores do Centro de Proteção de Primatas Brasileiros (CPB) observaram também que os poucos indivíduos sobreviventes estão pressionados pela caça e pela descontinuidade das matas ciliares.

“O isolamento provocado pela fragmentação das matas ciliares - locais onde vivem - é o principal motivo que ameaça levar essa espécie à extinção”, alertam os pesquisadores Marcos Fialho e Juliana Ferreira. De pelagem inteiramente negra ou marrom-escura nos machos e marrom-amareladas nas fêmeas, essa espécie de primata é conhecida também como carajá, guariba, guariba-preto.
Todos os registros do bugio-preto realizados entre 2005 e 2008 ocorreram durante as expedições à região do Alto Parnaíba, na bacia do rio Gurguéia, e nas drenagens pertencentes à Bacia do Rio São Francisco, ao sul da Serra Vermelha e da Serra da Capivara.

Os dados de campo da pesquisa realizada no Piauí sugerem que a ocorrência do bugio-preto está restrita às matas ciliares e às suas proximidades, bem como aos boqueirões - regiões úmidas existentes no semi-árido e em outras regiões tanto do Cerrado como da Caatinga.

O estudo elaborado pelos analistas ambientais Marcos Fialho e Juliana Ferreira foi apresentado no I Seminário de Pesquisa e Iniciação Científica do ICMBio. O trabalho dos pesquisadores constata, porém, que o bugio-preto não é a única espécie que corre risco de desaparecer. Dos mais de 130 táxons de primatas brasileiros existentes, 26 estão ameaçados de extinção. Desses, dez estão “Criticamente em Perigo”, seis “Em Perigo” e dez “Vulneráveis”, conforme classificação da Lista de Espécies Ameaçadas do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

sábado, 14 de novembro de 2009

Deputado desconhece legislação ambiental


O deputado estadual, Warton Santos (PMDB), se pronunciou contra a posição do IBAMA que embargou as obras da BR-135, mas a Rede Ambiental do Piauí – REAPI afirma que ele desconhece a legislação ambiental e está comprometido com os interesses das grandes empresas insustentáveis.

Warton Santos divulgou nota através de sua assessoria informando que “falta comunicação sobre as questões que envolvem as leis ambientais”, mas o ambientalista, Dionísio Neto, coordenador de mobilização da REAPI, diz que o deputado não tem compromisso com o meio ambiente e desconhece a legislação ambiental.

“Não se trata de problemas na comunicação, mas sim no cumprimento da Lei e na resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA n° 237, de 19 de dezembro de 1997, que exige as necessárias licenças ambientais.”, disse Dionísio Neto.

O ambientalista falou ainda que o deputado Warton, bem como o governo, estão pouco preocupados com o meio ambiente, e são absolutos defensores dos interesses financeiros das grandes empresas, especialmente das que desmatam e poluem.

“Gostaria de lembrar que o deputado Warton, juntamente com o governo do PT, sempre contribuíram para a destruição de nossos recursos naturais, vale lembrar que eles apóiam empresas potencialmente destruidoras como Bunge, Suzano Papel e a JB Carbon, sendo que essa última produzia carvão a partir da mata atlântica no sul do Piauí.”, comentou o ambientalista.

Dionísio comentou ainda que o meio ambiente não pode ser visto como uma barreira para o desenvolvimento, visto que, cerca de 50% da economia mundial depende da biodiversidade.

“Estudos apontam que o nordeste vêm crescendo acima da média nacional, mas estas pesquisas também apontam que esse crescimento acelerado é desordenado, e causa muita destruição, principalmente, no Piauí. Esse modelo atrasado implicará em diversos problemas sociais, ambientais e econômicos podendo causar uma queda no PIB nordestino de 11,4 bilhões nos próximos anos.”, diz Dionísio.

Fonte: Assessoria REAPI

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

ISPN lança edital para pesquisas no Cerrado


Está aberto o Edital “Universidades e Comunidades no Cerrado”.

O Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN) com apoio financeiro da União Européia, no âmbito do Projeto Florelos, em seu componente Gestão do Conhecimento, está financiando despesas diretamente relacionadas e essenciais à realização de pesquisas sobre temas relevantes para o uso sustentável da biodiversidade do Cerrado e das áreas de transição para os biomas vizinhos.

O valor apoiado pode chegar até R$ 5.000,00. Tais apoios devem ser realizados em quatro reuniões para seleção de propostas, a primeira delas prevista para ser realizada no dia 26/10/09.

Confira mais informações no Edital de Apoio à Pesquisa e preencha a Ficha de Inscrição.

Fonte: ISPN

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Piauí terá conferência estadual de saúde ambiental

As secretarias da Saúde (Sesapi), Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semar) e das Cidades promovem, de 29 a 31 de outubro, a I Conferência Estadual de Saúde Ambiental, onde serão discutidos assuntos como a qualidade de vida, relação trabalho - ambiente - saúde, além de desenvolvimento e sustentabilidade sócio-ambiental e os problemas de saúde associados aos efeitos ambientais. A conferência será no auditório do Atlantic City, com abertura a partir das 19h30.

O evento contará com debates, mesas-redondas e apresentações artísticas. Os participantes da Conferência Estadual são os delegados eleitos nas conferências municipais e regionais que representam os usuários, gestores e técnicos das áreas de saúde e meio ambiente do Estado. Na etapa estadual haverá a eleição para os delegados que irão participar da etapa Nacional da Conferência.

sábado, 24 de outubro de 2009

Dia de Ação pelo Clima no Piauí - Campanha TicTacTicTac



- “Essa atividade foi realizada hoje em mil cidades em todo o mundo e em cem brasileiras”, informou Dionísio Neto, coordenador de mobilização social da Rede Ambientalista do Piauí.



O Dia de Mobilização pelo Clima reuniu um grupo de cerca de cem pessoas percorrendo várias ruas do centro de Teresina com cartazes, banners, gritando palavras de ordem e distribuindo panfletos.



A manifestação foi para lembrar A COP 15, uma conferência mundial sobre o clima do planeta Terra que será realizada entre 7 e 18 de dezembro em Copenhague, na Dinamarca.



O grupo fez um relógio humano na praça Pedro II: - “ninguém pode ficar indiferente. Esses problemas atingem nossa cidade, nosso Estado, nosso país e nosso planeta”, fala Neto.



Eles também recolheram assinaturas, que serão enviadas para a COP 15, onde vão ser discutidas alternativas para o combate às mudanças climáticas que ameaçam a vida humana na Terra: furacões, tsuname, El nino, secas e enchentes.




Um das faixas protestou contra a indicação de Eugênia Medeiros para dirigir o Instituto Chico Mendes no Piauí. "Elas não gosta de ecologia e é contra os parques ambientais", assegurou Dionísio.

O movimento foi organizado pela ONG internacional Tic Tac Tic Tac.

Fonte: Cidadeverde.com

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O maior Dia Internacional de Ação Climática da Terra


Amanhã é o grande dia - 24 de outubro, o maior Dia Internacional de Ação Climática de sempre. Por isso junte-se à ação 350 mais perto de si para saber que fica fazendo parte de algo em grande.

Muito grande, na verdade. Esta campanha se espalhou como um vírus - vai haver mais de 4 mil eventos ocorrendo simultaneamente em 170 países. Tanto quanto sabemos, você vai fazer parte do dia de ação política mais abrangente de sempre, o maior alguma vez visto sobre qualquer assunto.

Há demasiados eventos incríveis para os listar todos num só lugar, mas aqui vão alguns destaques:

* No Cambodja, cidadãos de todo o país vão juntar-se no famoso complexo de Angkor Wat para fazer uma gigantesca foto de ação 350

* Na Hungria, centenas de banhistas vão saltar para os banhos públicos em Budapeste para uma performance sincronizada 350.

* No Nepal, mais de um milhar de jovens e monges vão marchar até ao templo patrimônio mundial de Swayambhunath e formar um gigantesco 350 com lanternas tradicionais.

* Nos Estados Unidos, 350 pessoas irão dançar o Thriller de Michael Jackson em Seattle - porque se não paramos o aquecimento global, bem podemos ficar mortos-vivos.

* No Panamá, a juventude indígena vai liderar uma vigília ao luar em Kuna Yala, as suas vulneráveis ilhas ameaçadas pela subida das águas ao largo da costa do Panamá, formando um pôr-do-sol 350.

Quando você tomar parte em sua marcha ou manifestação, passeio de bicicleta ou de kite-surf, cantando ou tomando parte em seja o que for que está acontecendo na sua comunidade, perca um minuto para imaginar todas as outras pessoas fazendo as mesmas coisas em todo o mundo - todos com base no mesmo fato científico, querendo marcá-lo na consciência do público. 350 é neste momento o número mais importante do mundo - os cientistas dizem-nos que é o máximo de dióxido de carbono que podemos ter na atmosfera, e agora estamos a fazer com que todo o mundo saiba também. O ruído combinado de todos esses eventos vai assegurar que os líderes mundiais reunidos no mês que vem em Copenhague para criar o próximo plano mundial sobre mudanças climáticas vão ouvir nosso apelo.

Quando acabar o evento, veja nosso website, 350.org, onde vamos mostrar um glorioso slideshow de fotos do seu evento, e eventos de cada canto do mundo. Pode ficar bem orgulhoso do que você conseguiu.

E se você ainda tem dúvidas sobre onde vai ser a animação no seu bairro amanhã, veja este link para encontrar um evento perto de si: www.350.org/pt/map.

sábado, 26 de setembro de 2009

Monoculturas soterram a biodiversidade

Segundo a Conservação Internacional, 13% dos vertebrados foram exterminados por ocupação humana; perda é ainda maior no caso das plantas.



É impossível saber ao certo quantas espécies já foram extintas nos 41% do Cerrado que não existem mais. Pesquisadores da organização Conservação Internacional (CI) estimam que 13% das espécies de vertebrados do bioma - mamíferos, aves, répteis e anfíbios, sem contar os peixes, os insetos, as plantas, os fungos e os microrganismos - já tenham sido exterminadas pela ocupação do homem, antes mesmo de serem descobertas.

Especial: Devastação avança sobre a savana brasileira

No caso das plantas, a perda pode ser muito maior. A flora do Cerrado é caracterizada por altos graus de variabilidade e endemismo - o que quer dizer que há diversas espécies que só existem (ou existiam) em regiões muito limitadas, associadas a condições específicas de solo e clima do bioma. Não há como saber quantas plantas desse tipo foram soterradas pelo avanço das monoculturas de grãos e bois.

"Planta não tem pernas para fugir", observa, com trágica obviedade, o biólogo Felipe Ribeiro, da Embrapa. "O que foi desmatado sumiu para sempre."

A exatidão dos cálculos é limitada pelo desconhecimento científico que impera sobre o Cerrado. A preocupação com o bioma é um fenômeno recente, até mesmo por parte dos cientistas. Por muito tempo predominou uma visão equivocada de que o Cerrado era uma região "pobre" em espécies, sem muita importância para conservação.

Era pura falta de conhecimento. Bastou começar a pesquisar para as espécies aparecerem. Só nos últimos 20 anos foram descobertas mais de 340 espécies de vertebrados, segundo a CI. No total, são conhecidas no bioma cerca de 200 espécies de mamíferos, outras 200 de répteis, 250 de anfíbios, quase 850 de aves e 1.300 de peixes. Os números aumentam a cada expedição.

"Ainda temos muito o que descobrir", diz o biólogo José Alexandre Diniz-Filho, da Universidade Federal de Goiás. "O grosso da biodiversidade está nas plantas e bichos pequenos, que são muito pouco conhecidos."

A lista de plantas conhecidas do Cerrado é a maior de todas as savanas do mundo, com cerca de 12 mil espécies descritas. A maior diversidade está na família dos capins e outras plantas herbáceas (sem tronco). Para cada espécie de árvore, há pelo menos três de herbáceas, segundo Ribeiro. Em alguns lugares, a proporção é de sete para uma.

Dependendo de onde o turista for, o cartão-postal do Cerrado pode ser um campo aberto, uma savana de árvores retorcidas, uma vereda cercada de palmeiras, um chapadão de paredões rochosos, um campo de dunas à beira-mar ou uma floresta com árvores de até 30 metros de altura. Cada uma dessas composições tem uma biodiversidade própria de fauna e flora.

"A implicação é que o Cerrado precisa de muitas unidades de conservação espalhadas pelo bioma", diz Ribeiro. "Não adianta criar uma ou duas grandes e achar que o problema está resolvido." Hoje, menos de 3% do Cerrado está protegido por unidades de proteção integral.

Fonte: Estadão

sábado, 19 de setembro de 2009

IBGE: Piauí tem pior coleta de lixo do Brasil

O Estado ocupa a última posição (27ª posição)

O Piauí apresenta indicadores preocupantes com relação a infra-estrutura básica dos domicílios, segundo a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.



O sistema de coleta de lixo do Estado é o pior do Brasil. O Estado ocupa a última posição (27ª posição), apesar do aumento dos domicílios. Em 2006, somente 51,4% das casas eram atendidas, em 2007, este número aumentou para 54,1%. Mesmo assim, a pesquisa revelou a precariedade dos serviços de coleta de lixo do Estado.

No geral, a pesquisa do IBGE revelou que o Piauí possui os piores indicadores sociais de todo o Brasil.

FONTE: Canal 13

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Sociedade civil e governos debatem posições para as negociações sobre mudanças climáticas


Evento reuniu representantes de alguns dos países mais significativos para os debates em torno das definições para a COP-15


Brasília, 16 de setembro de 2009 – Aconteceu na manhã do dia 14 de setembro, em Brasília (DF), o seminário “As negociações internacionais de mudanças de clima e o Brasil”, que contou com a participação de representantes de entidades da sociedade civil brasileira e de governos da Suécia, da Dinamarca, da Suíça, dos Estados Unidos, do Reino Unido e do Brasil.

O evento, uma realização do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS) e do Instituto Vitae Civilis para Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz, com o apoio da Embaixada da Suíça, do Gabinete da Senadora Marina Silva e da Campanha TicTacTicTac, somou mais de 100 participantes, que discutiram o cenário atual internacional das negociações sobre clima e os desafios que se apresentam para a construção de uma governança global sobre o tema.

Dividido em três etapas, o seminário teve, na sua sessão de abertura, o lançamento do relatório “Fortalecer o Acesso à Informação Ambiental e à participação da sociedade civil em tomada de decisões”. O documento é resultado de uma ampla pesquisa realizada entre 2007 e 2009 sobre a participação pública em tomada de decisão e melhoria dos canais de acesso à justiça ambiental e teve o apoio da Embaixada Britânica, do Ministério do Meio Ambiente e do Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente (Pnuma).

Para debater a participação da sociedade civil, o seminário contou com as apresentações de Ivan Marcelo Neves, secretário-executivo do FBOMS, de Carmen Foro, secretária do Meio Ambiente da CUT e Claude Crottaz, da Embaixada Suíça. Já o painel “Panorama de iniciativas no Brasil em mudanças de clima” teve como objetivo apresentar um breve mosaico das medidas adotadas no Brasil e o papel-chave do País na proposição de um modelo de crescimento sustentável frente às alterações climáticas. Neilton Fidelis, assessor do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas falou sobre o Plano Nacional de Mudança de Clima, destacando que o mesmo serviu para evidenciar contradições que existem entre demais políticas públicas e as responsabilidades e propostas do País no enfrentamento de mudanças de clima. O Fundo Amazônia, o BNDES e a sociedade foi o tema debatido por Fani Mamede, representante da CONTAG no Comitê Orientador do Fundo Amazônia. Para encerrar o painel, Erlando Alves da Silva Melo, assessor do Gabinete da Senadora Marina Silva, abordou o trabalho da Comissão Mista Permanente de Mudança de Clima do Congresso Nacional, destacando a falta de vontade política no Congresso para avançar na aprovação do Projeto de Lei que cria a Política Nacional de Mudanças Climáticas.

A terceira parte do seminário foi direcionada às negociações internacionais em mudanças de clima, à realização da 15ª Conferência das Partes (COP-15) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e aos desafios da sustentabilidade em uma era de alterações climáticas. Esse painel teve a presença de representantes de alguns dos países mais relevantes das definições sobre mudanças climáticas: Annika Markovic, embaixadora da Suécia; Svend Roed Nielsen, embaixador da Dinamarca; Richard Driscoll, conselheiro para o Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Saúde da Embaixada dos Estados Unidos; e André Odenbreit Carvalho, conselheiro da Divisão de Política Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, do Ministério das Relações Exteriores.

“Trata-se de uma situação de grande divergência e de interesses envolvidos. Não podemos, porém, deixar que essas diferenças nos impeçam de atingir um acordo justo para as mudanças climáticas na COP-15. A União Européia, que representa 27 países, reconhece o princípio da responsabilidade comum e a importância das políticas locais”, enfatizou a embaixadora da Suécia, país que nesse semestre preside o bloco europeu.

A importância do Brasil nas discussões também mereceu destaque dos palestrantes, seja como um país em desenvolvimento, seja pelas questões ambientais de grande envergadura, que envolvem desmatamento e energias limpas, entre outras. “A posição do Brasil é que os países tenham liberdade para definir suas políticas de crescimento, considerando as diferenças e responsabilidades históricas de cada um. Isso significa que, para o Brasil, as metas adotadas no Protocolo de Quioto devem ser a referência para o acordo a ser definido em Copenhague, em dezembro deste ano. O Brasil defende compromissos diferenciados para os países desenvolvidos e os em desenvolvimento”, salientou o representante do Ministério das Relações Exteriores, André Odenbreit Carvalho.

Após as apresentações dos interlocutores governamentais, foi aberto um período de comentários e perguntas dos representantes de ONGs e movimentos sociais. Silvia Picchioni, da Fundação Esquel, destacou a importância de se dar atenção para as necessidades de 30 milhões de pessoas que habitam o semi-árido brasileiro e de ter sistemas de alerta precoce sobre eventos climáticos extremos. Don Sawyer, do Instituto Sociedade, População e Natureza, disse que o mero anúncio do governo sobre as taxas de desmatamento do cerrado brasileiro, maiores que na Amazônia, reforça a certeza de que é hora de preocupar-se sobre a degradação de todos os biomas e as políticas agrícolas vigentes.

Manoel Paiva, liderança social no Pará, lembrou que muitos empreendimentos de alto impacto ambiental, como usinas hidrelétricas e atividades de transformação de minérios em produtos manufaturados para exportação são apoiadas pelos países desenvolvidos, mas o ônus de diminuir as emissões de gases de efeito estufa e de lidar com os impactos sociais ficam para o Brasil. Paulo Moutinho, do IPAM, destacou que a Conferência de Copenhague não pode deixar de inscrever no regime internacional de mudança de clima, esquemas de incentivo para a redução de emissões de gases de efeito estufa associados à diminuição do desmatamento e à conservação florestal. Rubens Born, coordenador do Instituto Vitae Civilis e um dos coordenadores da Campanha TicTacTicTac, lembrou que restam poucos dias efetivos de negociação entre os diplomatas, mas os sinais oriundos dos EUA, da União Européia e do Brasil ainda estão longe das expectativas da sociedade para um acordo global ambicioso no enfrentamento do aquecimento global e dos impactos decorrentes.

No dia 14 pela tarde e dia 15 de setembro, foram realizadas sessões com integrantes do Grupo de Trabalho Mudanças Climáticas e demais GTs do FBOMS, assim como outras entidades e relevantes redes da sociedade civil, que resultou na elaboração de um documento com demandas para o Governo brasileiro na COP-15, nos cinco blocos temáticos da negociação: Visão compartilhada, mitigação, adaptação, transferência de tecnologias, recursos financeiros. As entidades pedem que o Governo brasileiro adote compromissos de redução de gases de efeito estufa mensuráveis, verificáveis e reportáveis, de acordo com a sua responsabilidade histórica e capacidade, demonstrando uma diminuição significativa em relação à trajetória das suas emissões habituais. O Brasil também deverá exigir incentivos fiscais e financeiros para tecnologias de adaptação, priorizando aquelas que sejam simples, de fácil acesso e aplicação, compatíveis com as realidades locais e dos povos e comunidades tradicionais. As entidades defendem, ainda, que a propriedade intelectual e as patentes não devem ser obstáculos para desenvolver e disseminar tecnologias que possam mitigar as mudanças climáticas ou promover a adaptação. Também pedem que o sistema de governança sobre qualquer fundo seja vinculado ao sistema das Nações Unidas e obedeça a princípios de participação, transparência e acesso à informação.

O evento fez parte das atividades da Campanha TicTacTicTac e foi realizado no dia anterior à participação de integrantes da iniciativa na Audiência Pública da Comissão Mista Permanente de Mudança do Clima do Congresso Nacional do dia 15. Na ocasião, Rubens Born apresentou o manifesto da Campanha e as expectativas da sociedade brasileira para a construção de um acordo justo e abrangente na COP-15.

Sobre a Campanha TicTacTicTac

Lançada no primeiro semestre de 2009, a Campanha Global de Ações pelo Clima batizada de Campanha TicTacTicTac no Brasil, visa mobilizar a opinião pública para apoiar processos de transformação e ação rápida para evitar mudanças climáticas perigosas, com um foco inicial num acordo justo e equitativo na COP-15. No Brasil, possui um Conselho Consultivo composto por uma grande variedade de personalidades e organizações representativas da sociedade brasileira, incluindo: Avaaz, Greenpeace, Idec, Oxfam, Vitae Civilis, WWF-BR.

Mais informações: www.fboms.org.br – www.vitaecivilis.org.br - www.tictactictac.org.br

As atividades da campanha global estão disponíveis no site http://tcktcktck.org

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

BRASIL PARTICIPA DO LANÇAMENTO MUNDIAL DE “A ERA DA ESTUPIDEZ” (THE AGE OF STUPID) EM 22 DE SETEMBRO


Filme que questiona a passividade humana diante da ameaça do aquecimento global será exibido em sessões únicas em mais de 40 países


No dia 22 de setembro, mais de 40 países participarão da première mundial de “A era da estupidez” (The Age of Stupid), filme que chama a atenção para a necessidade de governantes e cidadãos de todo o mundo agirem contra o aquecimento global. Distribuído no Brasil pela MovieMobz, o filme será exibido em sessão única nos cinemas de onze cidades. O lançamento conta com o apoio das ONGs Greenpeace e Instituto ­­e em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Salvador, Fortaleza, Juiz de Fora, Curitiba e Santos. Em Porto Alegre, o apoio será da ONG Amigos da Terra Brasil. O circuito estará disponível no site da MovieMobz (www.moviemobz. com/aeradaestupi dez) a partir do dia 16/9.

“A era da estupidez” se passa em 2055 e tem no papel principal o ator inglês Pete Postlethwhaite, indicado para o Oscar em 1994. Ele interpreta o ‘arquivista’, um homem solitário que vive num mundo devastado pelo aquecimento global e que consome seu tempo catalogando o passado. O filme mostra Postlethwhaite examinando imagens de 2007 e se perguntando por que a humanidade não tomou providências contra a crise climática quando ainda havia tempo.

A exibição do longa-metragem está vinculada a uma grande campanha ambiental, apoiada por celebridades e organizações não-governamentais de todas as partes. O objetivo é influenciar os principais líderes políticos mundiais a assinarem, em dezembro deste ano, na 15ª Conferência da ONU sobre Mudança do Clima (COP 15), em Copenhagen, o tratado que obriga as nações a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, de forma que o aumento de temperatura do planeta não ultrapasse os 2º C.

"Nossas ações contra as mudanças climáticas irão definir a nossa geração, assim como o fim do apartheid, a abolição da escravidão e a chegada do homem na lua definiram gerações anteriores. No momento, vivemos na era da estupidez, mas, apesar do pouco tempo que nos resta, ainda é possível mudar esta situação", afirma a diretora do filme, Franny Armstrong.

O palco principal do lançamento de “A era da estupidez” será em uma tenda especialmente montada para a exibição do filme, inteiramente abastecida por energia solar, em Manhattan, Nova York. A cerimônia será apresentada pelo ex-secretário- geral da ONU Kofi Annan, a atriz Gillian Anderson (“Arquivo X”), a diretora Franny Armstrong, a produtora Lizzie Gillett e o protagonista do filme, Pete Postlethwaite, ator indicado ao Oscar em 1994, por “Em nome do pai”. A noite de gala terá ainda show de Thom Yorke, vocalista do Radiohead, banda vencedora de um Grammy em 2009, bastante conhecida por seu engajamento em assuntos socioambientais.

Os convidados serão recebidos com tapete verde e chegarão à festa através de transportes alternativos, como barcos, bicicletas, skates, veículos movidos a biodiesel de óleo de fritura e riquexós (táxis ecológicos de tração humana). Toda a energia utilizada no evento resultará em apenas 1% do carbono normalmente emitido em uma pré-estreia tradicional.

Com um orçamento de £ 450 mil, “A era da estupidez” é uma produção independente financiada através da venda de cotas de participação para 223 indivíduos e grupos que se preocupam com a mudança climática.


A ERA DA ESTUPIDEZ (The Age of Stupid)

Reino Unido, 2009, 100 min
De Franny Armstrong

Com Pete Postlethwaite

Distribuição: MovieMobz


SINOPSE

"A era da estupidez" mostra a que ponto chegou a destruição ambiental no mundo e alerta para a responsabilidade de cada indivíduo em impedir a anunciada catástrofe global. Misturando documentário e ficção, o filme é estrelado pelo ator indicado ao Oscar, Pete Postlethwaite, que interpreta um velho sobrevivente no devastado mundo de 2055. Ao analisar cenas das muitas tragédias ambientais ocorridas no início do século 21, ele se pergunta por que os seres humanos não se salvaram quando ainda tinham a chance.


MATERIAL DE DIVULGAÇÃO

Site oficial: www.ageofstupid. net

Fotos em alta resolução: http://www.ageofstu pid.net/image/ tid/1229

Trailer : http://www.youtube. com/watch? v=VoboNQgCsGY

"A Era da Estupidez representa o maior desafio que humanidade já enfrentou. É fascinante e assustador."

Gael Garcia Bernal, ator

“Eu fiquei me perguntando: ‘como posso reduzir meus voos?’, ‘posso instalar uma turbina de vento em casa?’. O filme definitivamente vai mudar a minha vida. Foi tão poderoso e impactante que eu queria que durasse mais uma hora.”.

Gillian Anderson, atriz

"O discurso mais poderoso sobre mudanças climáticas já produzido."

Mark Lynas, autor de "Six Degrees: Our Future on a Hotter Planet"

"Penso que “A era da estupidez” seja uma previsão poderosa dos efeitos da mudança climática, da urgência e motivos pelos quais devemos agir o mais rápido possível."

Ed Miliband, Secretário de Estado para Energia e Mudanças Climáticas do Reino Unido


“Motivador e contantemente surpreendente. .. a primeira dramatização de sucesso sobre mudanças climáticas a alcançar o cinema”

THE GUARDIAN, REINO UNIDO

“Intenso, totalmente provocativo e enormemente importante.. . Um grito do coração e um pedido desesperado por uma mudança necessária.”

THE DAILY TELEGRAPH, REINO UNIDO

“A mais imaginativa e dramática abordagem sobre a complacência institucional quanto ao assunto”

THE TIMES, REINO UNIDO

Sobre a MovieMobz

A MOVIEMOBZ é a primeira distribuidora do mercado mundial a operar exclusivamente por meio do lançamento de filmes em cinemas no formato digital, tecnologia hoje disponível em mais de 205 salas e 27 cidades no país, através do Sistema da RAIN DIGITAL CINEMA. A empresa foi criada por Marco Aurélio Marcondes, veterano do mercado de cinema e ex-sócio do consórcio Europa Filmes & MA Marcondes e os fundadores da Rain Digital Cinema, Fábio Lima e José Eduardo Ferrão, pioneiros do cinema digital no país. A MOVIEMOBZ é também precursora na programação de filmes, em salas de cinema, a partir da demanda do consumidor. Através do site www.moviemobz. com, uma rede social que agrega conteúdo digital para fãs de cinema, o usuário pode programar sessões dos filmes a que deseja assistir, mobilizar os amigos para marcá-los nas salas de sua preferência, ver e trocar informações, e conhecer pessoas com os mesmos interesses. No ar desde o dia 7 de julho de 2008, o site já promoveu mais de 100 sessões mobilizadas, em oito cidades brasileiras.


Sobre o Greenpeace

O Greenpeace é uma organização global e independente que atua para defender o meio ambiente e promover a paz, inspirando as pessoas a mudarem atitudes e comportamentos. Investigando, expondo e confrontando crimes ambientais, desafiamos os tomadores de decisão a reverem suas posições e mudarem seus conceitos. Também defendemos soluções economicamente viáveis e socialmente justas, que ofereçam esperança para esta e para as futuras gerações.

Sobre os Amigos da Terra Brasil

O Núcleo Amigos da Terra Brasil é uma ONG que há mais de 40 atua na defesa do meio ambiente no Brasil. Como membro nacional da Federação Internacional Friends of the Earth, tem como lema resistir, mobilizar e transformar na construção de sociedades sustentáveis. Trabalha pelo fortalecimento dos atores locais e das populações já afetadas pelo aquecimento global na luta por Justiça Climática.

Sobre o Instituto e

O Instituto e é uma associação civil sem fins lucrativos, cuja missão é a de promover e posicionar o Brasil como protagonista em desenvolvimento humano sustentável, através da criação e gestão de uma rede que potencialize sinergias entre diferentes iniciativas e agentes da sociedade. Foca em comunicação para influir, sensibilizar e educar em prol dos cincos “e”s que definem suas linhas de atuação: earth, environment, education, energy e empowerment. Dentre seus parceiros, encontram-se Osklen, Unesco, ISA, Renctas, WWF, EcoFuturo, ABTH, ICMBio, Instituto Ecológica, Cantor CO2 e Brazil Foundation.


Mais informações:

Assessoria de imprensa da Moviemobz

Eduardo Marques - eduardo.marques@ moviemobz. com / (21) 2292-0770

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Biodiversidade do Piauí a preço de papel

Governo planeja alterar Lei da Mata Atlântica para atender a Suzano.

É visível a conscientização da sociedade em torno das questões ambientais. No mundo inteiro se discute a preservação de áreas prioritárias para se manter o equilíbrio no meio ambiente, mas no Piauí a biodiversidade custa o preço de papel.

O Governo Estadual do Piauí não aceita o novo mapa do IBGE da mata atlântica do Brasil, que é um bioma protegido pela Lei n° 11.428, de 2006, mas ele pretende mover montanhas para tentar alterar a Lei protetora de um dos mais importantes biomas do mundo. Isso tudo para favorecer a empresa Suzano Papel Celulose que pretender plantar eucalipto no norte do estado.

O fato foi confirmado pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, durante a última audiência pública para a instalação da empresa Suzano, que aconteceu na cidade de Elesbão Veloso, a 150 km da capital Teresina, na última sexta-feira (07). O secretário de meio ambiente, Dalton Macambira, afirmou na audiência que o governador está tomando as providências para tentar mudar a Lei, que segundo eles atrapalha a instalação da empresa.

Estudos apontam que a Mata Atlântica no Brasil está “reduzida a 7,8% de sua área original”, mesmo assim o governador, Wellington Dias, se mostra insensível com as gerações futuras, e é claramente o advogado da destruição, pois se mostra comprometido com os interesses desta grande empresa, a exemplo de outras como a Bunge, JB Carbon, Ecocity e a falida Brasil Ecodiesel.

O movimento sócio-ambiental do Piauí não é contra o desenvolvimento, mas apóia sim, o verdadeiro desenvolvimento programado e sustentável, que deve ter como prioridade o homem do campo.

Mas é triste ver o favorecimento do Governo com a papeleira, que sinaliza uma clara incompetência administrativa, assim concretizada com a falta de políticas publicas e investimentos na agricultura familiar, isso tudo a preço de papel. Dessa maneira o eucalipto toma o lugar do pequi, babaçu, milho, feijão, mandioca, arroz, abóbora... desfigurando a paisagem construída há séculos formando um verdadeiro “deserto verde”.


Por Dionísio Neto

domingo, 9 de agosto de 2009

O fiasco do petróleo verde

Ricardo Mendonça, de Canto do Buriti (PI)

Pequenos agricultores que apostaram na mamona estão na miséria. A empresa-símbolo do biodiesel quase faliu. E Lula deixou de insistir tanto no assunto



O agricultor Antônio da Costa num pé seco de mamona em Canto do Buriti, Piauí. No alto do cacho, à direita, a praga que ataca a plantação. Ao lado, Lula e Miguel Rosseto na primeira colheita no assentamento Santa Clara, em 2005

No dia 4 de agosto de 2005, quando visitou Canto do Buriti, no sul do Piauí, para conhecer um assentamento chamado Santa Clara, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva alardeava otimismo com as perspectivas do uso da mamona para a produção de biodiesel. "O nosso petróleo, o petróleo verde da mamona, nunca acaba. Porque acaba um pé, a gente planta outro. Acaba outro, a gente planta outro", disse o presidente, ao discursar para agricultores pobres, empresários e políticos locais. Naquela tarde, Lula não economizou nas promessas: "A mamona pode ser uma das possibilidades para o povo pobre deste país melhorar de vida. E para mim, gente, não tem coisa mais orgulhosa do que ver um pai de família trabalhar, receber seu salário, pegar a mulher e os filhos, ir na bodega mais próxima e encher a casa de comida".

O assentamento Santa Clara, que também recebeu apoio do governo do Piauí, nasceu como o mais ousado projeto de plantação de mamona do país. Em 2004, o governo do Piauí cedeu uma área de 18.000 hectares para a empresa Brasil Ecodiesel fazer uma espécie de reforma agrária privada no local. A empresa distribuiu lotes de 8 hectares para 610 famílias, deu uma pequena casa para cada agricultor e assinou contratos de parceria. As famílias receberiam sementes, insumos, assistência técnica e um adiantamento mensal de R$ 250 por seis meses. Em troca, entregariam a colheita, que no final seria transformada em biodiesel. Após dez anos de trabalho nesse regime, receberiam a posse definitiva da terra.



Quatro anos após a visita presidencial, a realidade do assentamento é completamente diferente daquela idealizada por Lula. A região é frequentemente apontada como palco de denúncias graves, como exploração de trabalho infantil, prostituição, desmatamento e produção ilegal de carvão. Hoje, cerca de 600 famílias continuam assentadas, mas a maior parte dos terrenos está ociosa. As plantações de mamona produziram bem abaixo do esperado. A Brasil Ecodiesel estimava 1.200 quilos por hectare, mas o resultado médio nunca passou de 400 quilos por hectare. Atrasos nas plantações, má qualidade das sementes, falta de apoio técnico e pragas são as explicações mais ouvidas. Aos poucos, a cultura foi sendo abandonada. Hoje, os únicos pés visíveis de mamona são aqueles que nasceram por acaso, no meio do mato, por obra da natureza.

"O que era apresentado como um pioneiro projeto econômico e de inclusão virou um grande problema social", diz Dionísio Carvalho, da Rede Ambiental do Piauí, entidade que acompanha o assentamento desde o início. Muitos agricultores reclamam que não podem sair do local, sob o risco de perder o direito à terra. Alguns dizem que chegam a passar fome. Antônio Alves da Costa, conhecido como Neguinho, é um deles. "Uma vez por mês, saio nesse mato para caçar paca ou tatu", diz, ao lado de um pé seco de mamona. "O rapaz do Ibama já disse que é errado, que não pode. Eu respondi que errado é ver criança passando fome dentro de casa."

Valentim Moreira, de 53 anos, tem problemas parecidos. Ele divide a casa de um dormitório, uma cesta básica e R$ 160 por mês (o adiantamento agora é pago por todo ano) com outras sete pessoas. Dos 8 hectares, usa apenas 1, para subsistência. A renda familiar per capita inferior a R$ 0,70 por dia coloca o grupo abaixo da linha da indigência. Num país que passou quase uma década colecionando notícias sobre a redução da pobreza, Valentim diz ter caminhado no sentido oposto, o do empobrecimento: "O pagamento de R$ 160 chega com dois, três meses de atraso. A cesta atrasa 20, 30 dias. Para pegar o dinheiro na cidade, gasto R$ 7 para ir e R$ 7 para voltar. Na última vez, cheguei lá e só tinha R$ 80. Está cada vez pior", afirma.

Algumas pessoas do local sobrevivem com o Bolsa Família. Outras, como a dona de casa Claudenir Barbosa, grávida do terceiro filho, não conseguem explicar por que foram inscritas no programa, mas não recebem o benefício. "Estou inscrita desde 2006. Eu ligo lá todo mês, e eles dizem para esperar mais um pouco, que só falta liberar o dinheiro, mas nunca sai", diz.



Lançada a R$ 12, em 2006, a ação da Brasil Ecodiesel custava R$ 0,83 na semana passada. Uma queda de 93%

O aspecto mais visível da miséria é o trabalho infantil. Há três semanas, ÉPOCA flagrou crianças com enxada na mão tapando buracos na danificada e empoeirada estrada que dá acesso ao local. Trabalham sob o sol, sem nenhum tipo de proteção, em troca de esmolas jogadas pelos caminhoneiros. "Tem dia que dá para ver mais de 30 crianças aqui", diz o agricultor José da Costa Amorim, para quem o assentamento "está falido". A tia de uma menina de 5 anos e de um garoto de 14 fotografados pela reportagem justifica assim o trabalho infantil: "A gente não gosta, né? Mas, se não tapar buraco, não come".

A explicação dos assentados, do governo e das empresas para todos esses problemas é a mesma: o até agora retumbante fracasso da mamona como matéria-prima para a produção de biodiesel. Apesar do apoio governamental, do interesse empresarial, da abundância de mão de obra, da eficiência energética da semente e do clima favorável, a mamona não se mostrou viável naquele que talvez seja o mais determinante aspecto do mercado: o preço. Fazer biodiesel com mamona sai muito caro.

Para os especialistas do mercado de biodiesel, um dos fatores que inviabilizam a mamona, paradoxalmente, é a qualidade de seu óleo, que tem aplicação nobre no setor químico. "A mamona ainda é cara por três motivos: baixa produtividade, baixa produção e demanda forte para outras finalidades, como produção de cosméticos, tintas e até combustível de foguetes", diz Arnoldo Campos, coordenador do programa de biodiesel do Ministério do Desenvolvimento Agrário.

A aposta do governo na mamona começou em 2004, com o lançamento do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel. A ideia era criar uma cadeia produtiva que incentivasse a agricultura familiar e, ao mesmo tempo, fosse livre das variações de preços das commodities, como a soja, determinadas pelo mercado externo. Para garantir mercado, o governo estabeleceu a obrigatoriedade da adição de um porcentual mínimo de biodiesel ao diesel convencional vendido nos postos. Começou com 2% e hoje está em 4%. Além disso, criou benefícios econômicos para as usinas. Quem compra mamona de pequeno produtor ganha acesso aos leilões da Agência Nacional do Pelóleo (ANP), o único espaço para vender biodiesel à Petrobras.

Como o biodiesel da mamona continuou caro, as usinas começaram a atuar como meros atravessadores. Compram a mamona dos pequenos agricultores para garantir presença nos leilões da ANP, mas não a aproveitam para fazer biodiesel. É mais rentável produzir biodiesel com soja e revender a mamona à indústria química. Hoje, todo o mercado funciona assim. Segundo o governo, 71% do biocombustível é produzido a partir da soja. O restante, a partir do algodão e do sebo animal.

O desencanto com a mamona é tamanho que a área total ocupada pela cultura deverá cair neste ano em relação a 2008, segundo as estimativas da CONAB. No ano passado, em todo o país, foram usados 162,7 mil hectares para a mamona. Neste ano, a estimativa é de 156,6 mil hectares. De acordo com um relatório sobre o tema da ONG Repórter Brasil, que recebeu patrocínio internacional para investigar o setor, a explicação pode estar na falta de credibilidade do programa. "A catastrófica atuação da Brasil Ecodiesel nos últimos anos, com atraso nos pagamentos, quebra de contratos, abandono da produção, entre outros motivos, assustou muitos agricultores, que abandonaram a cultura", diz o texto.

Os problemas recentes do mercado da mamona estão diretamente associados à história da Brasil Ecodiesel. Dona de seis usinas em cinco Estados, ela foi a empresa que mais apostou no uso da mamona para a produção de combustível. Inaugurada em 2003 pelo empresário Daniel Birmann, a empresa acabou se transformando numa espécie de símbolo do programa e xodó do presidente Lula. Além de visitar o assentamento Santa Clara, no Piauí, Lula participou de quatro inaugurações de usinas da Brasil Ecodiesel pelo país. Antes de completar três anos, porém, a empresa passou a enfrentar sérios problemas societários e financeiros que quase a levaram à falência.

As dificuldades societárias começaram quando Birmann foi inabilitado pela Comissão de Valores Mobiliários para exercer cargos em companhias abertas. A penalidade, em 2005, ocorreu por causa de irregularidades na falência de outra empresa de seu grupo. Birmann vendeu sua participação para uma offshore (empresa no exterior) chamada Eco Green, mas a falta de informações sobre os controladores da offshore gerou desconfianças. No mercado, levantaram-se suspeitas de que por trás da Eco Green estava o próprio Birmann. Essa foi uma das explicações para o decepcionante resultado obtido na abertura de capital da Brasil Ecodiesel, em 2006. Os papéis da empresa despertaram baixo interesse.

A situação da Brasil Ecodiesel, de acordo com o diretor financeiro da empresa, Eduardo de Come, se agravou no fim de 2007. Num leilão da ANP, a Brasil Ecodiesel se comprometeu a entregar 170.000 toneladas de biodiesel no semestre seguinte a R$ 1,80 o quilo. No começo de 2008, porém, o preço da soja disparou, como resultado da crise internacional. Na hora de entregar as 170.000 toneladas de biodiesel, o custo de produção já chegava a R$ 3 o quilo. Quanto mais a Brasil Ecodiesel vendia, mais se afundava. "A empresa consumiu capital de giro, se endividou e não conseguiu entregar todo o contrato", diz De Come. "Por fim, veio a crise do crédito, que nos levou a uma reestruturação."

O tamanho do tombo da Brasil Ecodiesel pode ser medido pela variação do preço de suas ações desde o lançamento. No fim de 2006, cada ação foi oferecida por R$ 12. Na semana passada, estava cotada a R$ 0,83, uma desvalorização de 93%. No ano passado, o mercado foi tomado por especulações, segundo as quais o governo cassaria a licença da Brasil Ecodiesel de participação nos leilões da ANP. Seria a falência, mas não ocorreu. Em julho, a empresa terminou a reestruturação. O controle foi pulverizado. Entre os maiores acionistas atuais, está o fundo americano Zartmann, a Eco Green e o empresário Silvio Tini, conhecido no mercado por ser especialista em comprar ações de empresas com dificuldades.

Sobre os problemas no assentamento Santa Clara, Eduardo de Come reconhece que a empresa deixou de fornecer sementes para o replantio da mamona, mas afirma que não pretende abandonar o projeto. "Sentamos com os agricultores com antecedência e anunciamos que iríamos manter o investimento no menor nível possível", diz. "Ainda assim, gastamos US$ 3,5 milhões por ano no local para manter uma escola, um ônibus, um posto de saúde, as cestas básicas e o adiantamento mensal de R$ 160 por família."

O secretário de Relações Internacionais do Piauí, Sérgio Vilela, ex-titular da Agricultura, defende a Brasil Ecodiesel das denúncias de produção ilegal de carvão. "Eles instalaram fornos. Mas o carvão produzido era resultado do desmatamento necessário para a abertura de áreas para o plantio. A empresa errou no atraso do envio de sementes e na falta de preparo da terra."

Vilela defende uma intervenção estatal para tirar o assentamento da miséria: "A reforma agrária privada parecia inovadora, mas falhou. O Estado deveria reassumir a área com um programa de reforma agrária convencional porque a população não pode ficar abandonada".

Por causa do fracasso da mamona, o governo resolveu dar uma nova orientação ao programa do biodiesel e aumentou a participação da Petrobras no setor. Colocou o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário Miguel Rosseto na presidência da Petrobras Biocombustível e, em menos de um ano, inaugurou usinas na Bahia, no Ceará e em Minas Gerais. Há duas semanas, Lula disse que orientou Rosseto a criar uma empresa de biodiesel em cada Estado do Nordeste. Nos discursos, porém, seu entusiasmo com o assunto parece ter diminuído. Em 2005, Lula citou a palavra "mamona" 92 vezes. No ano passado, a mamona apareceu na boca do presidente em 16 oportunidades. Neste ano, até agora, Lula só a citou em 13 ocasiões, a maioria com ressalvas. O "petróleo verde" secou.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

A Cia. Suzano, devastadora, merece o FSC; e o FSC merece a Suzano devastadora!

Prezado/a/s certificadore/ a/s do IMAFLORA

Prezado/a/s representantes do FSC Brasil e FSC Internacional



Julho/2009.

Nós, representantes de movimentos sociais, camponeses, sem terras, povos tradicionais, sindicatos de trabalhadores, igrejas, organizações não governamentais, técnicos, acadêmicos, indivíduos, articulados na Rede Alerta contra o Deserto Verde, vimos a público repudiar mais uma vez a certificação FSC das monoculturas de eucalipto de rápido crescimento e larga escala, da Companhia Suzano de Papel e Celulose.

Há uma década que a Rede Deserto Verde vem alertando a sociedade brasileira e internacional dos profundos e negativos impactos econômicos, sociais e ambientais das monoculturas de eucalipto junto à sociedade e ao meio ambiente, seja no extremo Sul da Bahia, no Norte do Espírito Santo e Minas Gerais, sempre na vizinhança dos plantios homogêneos. Nesta década, foram produzidas inúmeras pesquisas, publicações, cartas públicas, vídeos documentários, manifestos, relatórios técnicos, jornais, cartilhas, panfletos, teses e dissertações, livros, revistas, denunciando a insustentabilidade dos plantios químicos e industriais de eucalipto. Mais que isso, a Rede Deserto Verde veio mobilizando parte significativa da sociedade regional, provocando um conjunto de audiências públicas nos parlamentos municipais, estadual e federal, bem como processos judiciais, inclusive em cortes internacionais, onde o Estado e as empresas monocultoras são cobradas pela violação de direitos humanos econômicos, sociais, culturais e ambientais. Impossível pensar que uma certificação FSC passe ao largo de toda essa história de resistência e luta, documentada em enorme diversidade e gêneros textuais, veiculada por mídias regionais, nacionais e internacionais.

Infelizmente o princípio 10 do FSC continua na contramão do debate ambiental, permitindo a certificação das plantações uniformes de árvores como floresta sustentável, desvirtuando a mensagem do selo verde junto aos consumidores do Norte. Certificar a Companhia Suzano foi um péssimo feito do Imaflora, e manter o seu selo, será mais um atestado de óbito para a certificação FSC no Brasil, já que no ano passado foi certificada a Veracel Celulose, isso depois que o FSC realizou uma revisão internacional da certificação de plantações de árvores, querendo responder às críticas contra a certficação da sociedade civil organizada de vários países do mundo. A certificação de sustentabilidade da Cia. Suzano nunca foi aceita pela sociedade impactada em seu entorno, e a re-certificaçã o somente engana ainda mais o consumidor final no Norte. Depois de certificarem a Veracel no extremo Sul da Bahia e das certificações da Plantar S.A e da V&M em Minas Gerais, a re-certificaçã o FSC da Cia. Suzano aponta uma tese clara para a sociedade regional: As empresas devastadoras merecem o FSC e o FSC merece as empresas devastadoras! Quem não merece o FSC são as comunidades campesinas, sem terras, os quilombolas, indígenas, ribeirinhos e a vizinhança impactada por seus plantios. Tampouco merece o FSC o consumidor final no Norte, quando interessado em rever seu sobre-consumo.

O território do Sapê do Norte do Espírito Santo e o extremo Sul da Bahia estão repletos de conflitos sócio-ambientais, envolvendo os plantios da Cia. Suzano e uma grande diversidade de povos tradicionais, campesinos, ribeirinhos e sem terras. Seus agroquímicos contaminam o solo e a água de uma macro-região, suas terras se sobrepõem a territórios étnicos tradicionais, sua mecanização gera desemprego em larga escala, sua poluição industrial afeta um enorme raio territorial, seus caminhões e infra estrutura transtornam estradas e comunidades rurais. Seu manejo da monocultura gera insegurança alimentar e concentração de terras, em um território de intenso êxodo rural, de carência de Reforma Agrária, de políticas públicas e sem a titulação de territórios tradicionais. O selo do FSC está certificando e maquiando como sustentável essa tragédia social e ambiental, ao invés de contribuir para a diminuição das desigualdades sociais econômicas e ambientais da região.

Na Bahia, o Governo do Estado admite através de um Estudo de dezembro de 2008: "Do conjunto de constatações trazidas pelo estudo deduz-se uma grave falta de governança, seja regional ou local, para lidar com a situação, que de longe ultrapassa os limites do controle ambiental". Não há ordenamento nem zoneamento do território; não há coordenação das intervenções públicas relativas ao plantio de eucalipto na região; não há políticas agrícolas; não há políticas fundiárias; não há controle da legalidade da venda de terras; não há estudo/normas específicas estabelecendo índices recomendáveis de ocupação para as plantações por municípios.

Os conflitos sócio-ambientais que latejam no norte do Espírito Santo e no extremo sul da Bahia a partir da confecção de milhares de hectares de monocultura estão perto de acontecer nos estados do Maranhão e do Piauí. Nestes dois estados, a Suzano Papel e Celulose dissemina o jargão da sustentabilidade da monocultura do eucalipto e babuja de preconceitos a agricultura familiar e o extrativismo do Cerrado e da Caatinga como está expresso nos estudos de impacto ambiental e como foi expresso nas audiências públicas de 2007 nos municípios de Santa Quitéria e Urbano Santos, estado do Maranhão, e de junho de 2009 em Teresina no Piauí. À sua maneira, os preconceitos científicos inerentes aos estudos de impacto ambiental, protagonizados pela empresa de consultoria STPC, procuram esconder as suas deficiências de metodologia e de pesquisa visto que em ambos os estudos a intenção óbvia é caracterizar as atividades econômicas dos dois estados como ineficientes de um ponto de vista de mercado e os biomas presentes como biomas inferiores ou em estado de regeneração. Outro fato a salientar nos projetos de reflorestamento com eucalipto na bacia do rio Parnaíba, que pega tanto o estado do Maranhão como o estado do Piauí, e a bacia do rio Preguiças, no estado do Maranhão, e que encampa o parque nacional dos Lençóis Maranhenses, portanto, em vez de dois licenciamentos de competência estadual, o licenciamento deveria ser conduzido pelo IBAMA, é a preponderância de terras públicas onde a empresa pretende implantar seus monocultivos.

E não estamos mais motivados a participar da falsa ritualística da certificação FSC e do Imaflora, onde as empresas ditam a coreografia das audiências públicas e os roteiros de entrevistas com interlocutores subordinados, valendo-se de seu enorme poder político e econômico, advindo do financiamento de campanhas eleitorais e micro-investimento social compensatório. Também não nos motivam os simples condicionantes e pré-condicionantes que possam vir a ser exigidos pelo Imaflora, pois continuarão sem abarcar a longa dívida ambiental e o complexo conjunto de fatores que determinam os trágicos indicadores sociais e ambientais do modelo de desenvolvimento regional fundado nas monoculturas de eucalipto.

Para nós, da Rede Deserto Verde, o FSC da Cia. Suzano tem se revelado uma maquiagem verde, para uma empresa que sequer financeiramente se sustentaria, não fossem as enormes e vantajosas cifras públicas investidas pelo Estado, seja na forma de investimento direto, crédito ou concessão fiscal. O selo verde da Cia. Suzano deve ser imediatamente revisto e retirado, possibilitando a titulação dos territórios tradicionais, a agricultura camponesa e a reforma agrária, promovendo a agroecologia, a soberania alimentar e a recuperação do clima e da mata atlântica na região.

Rede Alerta contra o Deserto Verde ES/BA/MG/RJ/

Lista das entidades e indivíduos

CEDEFES - Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva - MG

CEPEDES - Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul/Ba.

Espaço Cultural da Paz - Teixeira de Freitas - BA

FASE-Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional

Fórum Carajás

Karina de Moura Oliveira - Jornalista - ES

SINTRAF - Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar do Vale do Jucuruçu - BA

E Quanto Vai Para o MMA e Para o FNMA?

Governo aumenta em 37,8% os recursos para agropecuária

Brasília – Com o objetivo de compensar a fuga de financiadores privados depois da crise mundial e a queda na produção de grãos, o governo federal vai destinar R$ 107,5 bilhões para financiar a agropecuária brasileira na safra 2009-2010. O valor é 37,8% maior do que os R$ 78 bilhões da safra 2008-2009. A agricultura comercial ficará com R$ 92,5 bilhões, enquanto a familiar terá R$ 15 bilhões.

No ciclo produtivo que se encerra, a agricultura comercial e a familiar tiveram, respectivamente, R$ 65 bilhões e R$ 13 bilhões, embora nem tudo tenha sido usado por várias dificuldades no acesso ao crédito, como o alto grau de risco dado aos produtores rurais e a falta de licenças ambientais. O Plano Agrícola e Pecuário 2009-2010 será lançado oficialmente amanhã (22) em Londrina, no Paraná, às 15h, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.

De acordo com o Ministério da Agricultura, o foco do plano é o incentivo ao médio produtor, ao cooperativismo e à produção com respeito ao meio ambiente. Os recursos do Programa de Incentivo à Produção Sustentável do Agronegócio (Produsa) – para recuperação de áreas degradadas – serão ampliados de R$ 1 bilhão para R$ 1,5 bilhão. O Programa de Capitalização de Cooperativas Agropecuárias (Procap-Agro) terá R$ 2 bilhões e os recursos para o Programa de Geração de Emprego e Renda (Proger Rural) passarão de R$ 2,9 bilhões para R$ 5 bilhões.

O montante para financiamentos de custeio e comercialização a juros controlados aumentará 20,8%, atingindo R$ 54,2 bilhões. Além da criação de novas linhas de crédito, os limites também serão ampliados. Os preços mínimos para 33 culturas foram reajustados, destacando-se produtos importantes como arroz (20%), leite (15%), mandioca (12%) e milho (6%). O objetivo das atualizações dos preços mínimos, segundo o ministério, é atender tanto as necessidades do produtor quanto as do mercado nacional.

As discussões em torno do Plano Agrícola e Pecuário 2009-2010 vêm ocorrendo há vários meses, principalmente depois que a crise financeira mundial obrigou as tradings – multinacionais que financiam a produção por meio da compra antecipada ou fornecimento de insumos agrícolas – a tirar dinheiro investido no Brasil para compensar os prejuízos em seus países de origem. Segundo Stephanes, aos poucos esse dinheiro começa a retornar. A grande reclamação dos produtores, no entanto, mais até do que a quantidade de recursos, é a dificuldade de acessá-los devido à lentidão dos bancos para liberar os financiamentos.

Fonte:Agência Brasil

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Licenciamento preocupa sociedade civil

O licenciamento de uma fábrica de papel da Suzano na região de Nazária, próxima a Teresina (Piauí), deixou entidades civis cheias de dúvidas. A Rede de ONGs da Mata Atlântica, por exemplo, pediu uma reunião com a empresa e Ministério do Meio Ambiente onde seriam conhecidos detalhes do empreendimento e espera que a planta, se for mesmo instalada, se torne "um modelo para a região e para o setor". A necessidade de informações claras ganha força com declarações contraditórias de governo e empresariado sobre geração de empregos pelo projeto, mesmo modelo de discurso que levou à instalação de empreendimentos de qualidade ambiental duvidosa e com farta isenção fiscal no estado. A fábrica de papel precisará, também, de lavouras de árvores exóticas em boa quantidade para alimentar sua produção. Pelo menos outras duas plantas produtoras estão planejadas pela Suzano para o Nordeste, uma delas no Maranhão.

Fonte: O Eco

terça-feira, 23 de junho de 2009

Pode perder o selo FSC: Suzano terá manejo florestal reavaliado

O Programa Smartwood da Rainforest Alliance e o Imaflora realizam no período de 6 a 17 de julho, o processo de avaliação para recertificação FSC do Manejo Florestal da Suzano Papel e Celulose - Unidade Mucuri, instalada no sul da Bahia. A unidade tem área total de, aproximadamente, 186.562 hectares a ser submetida à avaliação para recertificação.

A avaliação segue as Diretrizes do Programa SmartWood da Rainforest Alliance e verificará a adequação do manejo florestal da Suzano Papel e Celulose - Unidade Mucuri aos Padrões Interinos Smartwood para Avaliação de Plantações no Brasil.

Durante o processo de avaliação, serão realizadas três Reuniões Públicas, abertas à sociedade, para que os interessados possam fornecer seus comentários sobre o processo de manejo e recertificação florestal.

As reuniões públicas acontecem no dia 10 de julho, em três locais: na FACTEF - Sociedade Educacional de Teixeira de Freitas, na Escola de Ensino Médio Jaci Ferreira dos Santos, em Mucuri, e na Escola de Ensino Médio Manuel Duarte da Cunha, em Pedro Canário, Bahia.

Celulose Online.

Imprensa golpista: crescimento de cidade no Piauí nada tem a ver com estabilidade econômica, mas eles insistem


Segue abaixo reportagem do Correio Braziliense, falando da cidade de São Raimundo Nonato, no sul do Piauí, uma das regiões mais pobres do Brasil.

Eles querem atrelar a estabilidade da moeda ao crescimento da cidade, mas uma coisa não tem nada a ver com outra, a própria reportagem denuncia, como podemos observar nas partes que destaquei em negrito.

Fiz alguns comentários em vermelho, ao longo do texto. A qualidade da reportagem é péssima, apesar da enorme oportunidade que houve de se conhecer a nova realidade do interior do Nordeste.

Os golpistas da grande mídia com essas e com outras mostram que cada vez estão mais decadentes e mais próximos da TIRAGEM ZERO, que é o fim que terão, se continuarem bajulando quem odeia o Brasil e os brasileiros.
15 ANOS DE ESTABILIDADE

Abraços e boa semana!
Sergio Telles

Link: http://www.portaldomeioambiente.org.br/pma/index.php?option=com_content&view=article&id=694



Era uma vez o bode que movia o real...

Link: www2.correioweb.com.br:80/cbonline/economia/pri_eco_253.htm

Vicente Nunes

São Raimundo Nonato (PI) — Havia quase cinco anos que Arismar Gomes Landim, 28 anos, tentava a sorte entre Brasília e São Paulo. Sem trabalho na sua cidade natal, a pequena São Raimundo Nonato, encravada aos pés da Serra da Capivara, no sul do Piauí, se dispôs a fazer de tudo um pouco nas duas capitais para tirar o dinheiro do pão de cada dia. Mas sua cabeça não saía da terra onde nasceu. Sabia que ali estava a oportunidade que vinha buscando. Sem nada fixo à vista, mesmo tendo aprendido tudo sobre jardinagem, há pouco mais de um ano guardou o pouco que tinha numa pequena sacola e voltou para perto da família. Até agora não se arrependeu.

A cidade que tinha deixado para trás se rendeu à febre que varreu o Nordeste e boa parte do país: a dos mototáxis. Como vários colegas, Arismar se aventurou a encarar um financiamento com prestações a perder de vista e comprou a moto que lhe rende entre R$ 800 e R$ 1 mil por mês. Seus passageiros vêm, principalmente, da zona rural e das 12 cidades que rodeiam São Raimundo Nonato. O município se transformou no grande polo econômico daquela que é considerada uma das regiões mais pobres do país. “A vida está bem melhor aqui. Tinha rodado muito por Brasília e São Paulo, mas não consegui nenhum emprego fixo que me desse segurança”, diz. “Agora, tenho a minha moto, sou credenciado pela prefeitura. Há perspectivas de melhora”, acrescenta.

A volta de Arismar à terra natal foi possível graças às profundas mudanças ocorridas na economia de São Raimundo nos últimos 15 anos. Desde que o Plano Real foi lançado, em julho de 1994, com a missão de debelar um crônico processo de hiperinflação, a cidade foi, aos poucos, deixando de ser dependente da criação de bode e da agricultura de subsistência, então as principais fontes de sustento das famílias locais. Hoje, há um comércio forte, liderado por algumas das maiores redes de varejo nordestinas. Os bancos estão ampliando as suas agências — as únicas, por sinal, num raio de centenas de quilômetros. O setor de turismo, que sempre capengou, apesar de a região abrigar um dos maiores sítios arqueológicos do mundo, dá sinais de vitalidade. Também mineradoras e produtoras de biocombustíveis decidiram fincar pé no entorno do município.

“A realidade aqui realmente é outra. Nesses anos de estabilidade econômica, as obras públicas foram ressurgindo, os bancos voltaram a dar crédito às pessoas e às empresas, a renda da população aumentou e abriu-se outras frentes de negócios, que permitiram a criação de mais postos de trabalho”, afirma o secretário de Infraestrutura, Cleisan Ribeiro de Negreiros. Para se ter uma ideia das mudanças ocorridas na estrutura econômica de São Raimundo, mais de 60% dos trabalhadores estão empregados no setor de serviços, que inclui o comércio e, claro, o de mototáxis. O índice de desemprego, que chegou a quase 30% no final dos anos 1990, está mais próximo da média do país, de 10%. “Muita gente que trabalhava no campo acabou sendo absorvida por essas novas frentes de trabalho”, ressalta o secretário.

Jegue é passado

Foi o caso de Juracy Ribeiro dos Santos, 48, que trocou a enxada pela direção de uma moto. Curiosamente, seus maiores clientes estão na zona rural. “Ninguém quer saber mais de andar de charrete ou em cima de um jegue. O negócio aqui é moto”, conta ele, que faz parte de um exército de 100 motoqueiros credenciados pelo governo local. Estima-se que, por semana, pelo menos 20 mil pessoas de fora de São Raimundo (que tem 31 mil habitantes) passem pela cidade em busca de algum serviço — saúde, educação, bancos, Justiça e comércio. “Nos três últimos dias da semana, o centro da cidade fica intransitável”, relata Lucas de Macedo Negreiros, presidente da Associação São Raimundense dos Empreendedores de Turismo, entidade que reúne hotéis, bares, restaurantes e similares. “Fica tudo lotado”, reforça.

Ou seja, se, há 15 anos, os dias de movimento se resumiam à semana de pagamento de aposentados e pensionistas da Previdência Social, agora, São Raimundo lucra com os salários pagos pela iniciativa privada, com os benefícios do Bolsa Família e, claro, com os bons rendimentos dos servidores públicos. “Somando os cargos da Prefeitura, do governo do estado e do governo federal, o setor público emprega quase 10% da população da cidade”, contabiliza o secretário municipal de Infraestrutura. “Nesses últimos anos, a União abriu unidades de atendimento ao público de vários órgãos, como a Receita Federal, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e o Sebrae”, emenda Lucas Negreiros.

Com o comércio tão ativo e a busca por serviços públicos cada vez maior, o empresário conta que a cidade está tendo de ampliar a sua capacidade de hospedagem. “O número de representantes comerciais e de funcionários públicos em trânsito é crescente. Nossa rede de hotéis e de pousadas já não está suportando o fluxo de pessoas, acrescidas pelos turistas”, diz. Ele próprio está finalizando um projeto para ampliar a sua pousada, a Zabelê. A meta é duplicar o número de quartos (17) e de leitos (43) ao longo do ano que vem. Os investimentos vão passar de R$ 1 milhão. O Hotel Serra da Capivara, pertencente ao governo do estado, abrirá, até o fim deste mês, mais 25 quartos — hoje, são 19. “De imediato, vamos disponibilizar mais 150 leitos ante os 300 já existentes”, destaca.

Sustento da tradição

Apesar de tantas transformações, Sidnaura Araújo, 31, mantém firme a tradição do sustento da família: a venda de carne de bode. A banca que ela abre tão logo o dia clareia é uma das mais movimentadas do Mercado Municipal. “Não posso reclamar de nada. Minhas vendas estão em alta. Se, há cinco anos, vendia cerca de 100 quilos de carne por dia, agora, são 200”, conta. Ela diz que a principal razão da procura crescente pelo bode é o aumento da renda. “Já não dependemos mais só dos aposentados, do ‘Dia dos Velhos’, quando saem as aposentadorias do INSS. A clientela cresceu bastante, há mais gente empregada — ela mesma, contratou três funcionários recentemente — e o salário mínimo aumentou”, assinala.

Outra vantagem, afirma Sidnaura, é o preço: em 15 anos, o quilo do bode passou de R$ 1,45 para R$ 7, um aumento de 382%, alta próxima do Índice de Preços ao Consumidor Amplo, de 342%, acumulada no período (a conta considera inflação de 0,3% em junho). “A carne de boi está mais cara e a carne de porco, quase ninguém quer por causa da gripe suína”, afirma. “Além disso, tem o hábito. Todo mundo sabe que a carne de bode é a mais saudável”, complementa a Galega, como é conhecida em toda a cidade.

Nem tudo, porém, é motivo para comemoração, diz Sidnaura. “Fazer compras no supermercado está complicado. Há alguns anos, com R$ 100 eu comprava muita coisa. Hoje, só o básico. Nada supérfluo”, comenta. Luxo, para ela, é o iogurte de que o filho mais velho, de 13 anos, tanto gosta e que, por ironia, foi um dos símbolos do plano que consolidou um bem do qual nenhum país pode abrir mão: a estabilidade econômica.

Fonte: 3Setor .

Projeto de turismo sustentável tem participação do Curso de Comunicação Social da a Uespi

Alunos do Curso de Comunicação Social da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) integram equipe executora do Projeto Mosaico, desenvolvido numa parceria entre o Ministério do Meio Ambiente, através do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) e a Fundação Rio Parnaíba (Furpa).

O projeto objetiva a promoção de condições básicas para o desenvolvimento do turismo sustentável na região da Serra da Ibiapaba, beneficiando 44 municípios, sendo 20 do Estado do Piauí e 24 do Ceará.

Essas cidades serão divididas em quatro zonas de estudo, cada uma com um município sede. São eles: Piripiri e Luís Correia, no Piauí, e Sobral e Ubajara, no Ceará. A escolha teve como critério a localização e infraestrutura para as ações do projeto.

Esse trabalho visa a elaboração do Plano de Desenvolvimento Territorial com Base Conservacionista (DTBC), através de diversas ações, como a produção de material impresso e de serigrafia, a realização de seminários para a apresentação do projeto nos municípios sedes das zonas de estudo, bem como a detalhar o perfil das atividades produtivas com potencial para o turismo sustentável, através de um questionário a ser aplicado junto aos principais atores sociais envolvidos nessas atividades.

Nesse aspecto, será realizado um levantamento sobre agricultura orgânica, agropecuária orgânica, cultivo de flores tropicais e temperadas, produção fitoterápica, produtos florestais madeireiros e não madeireiros, artesanato, apicultura orgânica com abelhas nativas e piscicultura.

Essas ações são importantes no sentido de conter as principais ameaças à biodiversidade, como o lixo, o corte ilegal de madeira, tráfico de animais silvestres e a caça predatória. Das cinco unidades inseridas no mosaico proposto, quatro são federais e uma estadual. São elas: Parque Nacional de Ubajara, Área de Proteção Ambiental da Serra da Ibiapaba, Floresta Nacional de Sobral, Parque Nacional de Sete Cidades e Área de Proteção Ambiental da Bica do Ipu.

*Foto: Ana Maria Costa
Fonte: Portal AZ