Há duas maneiras rápidas do homem devastar a vida no planeta. A primeira são as bombas atômicas, e a segunda é desmatamento que é mais lento e doloroso. São tristes as cenas de norte a sul no Piauí, e é um absurdo ver a riquezas de nossas florestas serem destruídas para enriquecer ainda mais grandes os empresários, e também políticos corruptos. E nesse semana no Piauí nos deparamos mais uma vez com uma grande empresa que anuncia mais ar para a economia, não sei se é para o Piauí, mas creio que essa Oxygen (Oxigênio) venha para dar um verdadeiro balão nos piauienses com suas monoculturas de eucalipto, e roubar aquilo que a natureza levou milhares de anos pra se formar. Já não é demais ter uma Suzano na região para arrebentar com nossa a biodiversidade?
Eles anunciam e comemoram que a produtividade de eucalipto no Piauí é a segunda maior do Brasil e prometem investimentos milionários, mas esquecem que deveríamos comemorar mesmo em 2010 é o ano internacional da biodiversidade, a idéia foi uma iniciativa da Assembléia Geral das Nações Unidas, durante a COP-15, que pretendeu aumentar a conscientização da população para a importância da biodiversidade.
O Governo Federal e Estadual abrem as pernas para empreendimentos que não contribuem para a sustentabilidade, com ênfase para as monoculturas, especialmente a do eucalipto.
É inquestionável a importância da biodiversidade de uma floresta nativa comparada com simplicidade biológica da monocultura. O mais interessante é a forma irônica de como usam a palavra “reflorestamento” para a monocultura de eucalipto, a qual substitui as florestas nativas. Que graça tem olhar para milhares de árvores, uma igual a outra, realmente é o “deserto verde” como dizem por aí.
Situações parecidas não deram certo em outros estados, como é caso de São Paulo, com destaque para a pequena cidade de São Luiz do Paraitinga que foi arrasada recentemente pelas chuvas. O Tribunal de Justiça de SP suspendeu as atividades da Suzano Papel Celulose por detectar que o “plantio de eucalipto causa danos graves ao ambiente e o êxodo rural na área”. O mais interessante é que agora apareceu um empresário, Michael Biggs, filho de um do maiores ladrões do mundo, e ex-integrante do famoso Balão Mágico; anunciando um investimento vultuso na monocultura de eucalipto no norte do Piauí.
A sociedade inteira está atenta a questão das mudanças climáticas, e todos sabem que manter a floresta nativa em pé é uma das melhores saídas para tentar reduzir o aumento clima. O atual modelo está falido e desgastando nossas riquezas. É imprescindível políticas públicas urgentes para proteger o meio ambiente, e a sociedade precisa ainda de políticos comprometidos o suficiente com desenvolvimento sustentável para amenizar os efeitos da crise climática. Um estudo recente da Universidade de Minas Gerais, sobre o nordeste, aponta que o Piauí sofrerá um “encolhimento de 70,1%” das terras cultiváveis no estado por conta das mudanças do clima e mau uso do solo. O documento mostra também que teremos áreas inabitáveis.
A irresponsabilidade está diante dos nossos olhos e é ridículo ver a atuação do governo em aceitar tamanhos empreendimentos insustentáveis. E os piauienses vão levar um balão grande nessa história, quando perceberem que suas riquezas sumirão num passe de mágica.
Dionísio Neto
Jornalista Ambiental, estudante de Gestão Ambiental e coordenador de mobilização social da Rede Ambiental do Piauí - REAPI