segunda-feira, 20 de outubro de 2008

O entorpecimento da juventude pelas chaminés de sonhos

Por Dionísio Neto – Ecodio

Sexo, drogas, moda, festa e violência são os temas mais veiculados na mídia, e como conseqüência são os que mais interessam a maioria dos jovens de nossa sociedade. Garotos e garotas atraídos a cada dia por um mundo consumista, e atraídos pela diversidade de produtos mergulham na alienação da destruição. A juventude vive drogada pelas chaminés das grandes empresas e pelo governo com promessas de emprego e melhor qualidade de vida, mas o grande problema deste entorpecimento com o sonho de uma vida melhor é pensar na acomodação de um sofá confortável, uma televisão a cabo, roupas de grife, cerveja gelada e comendo aquele churrasco.

Não que seja ruim sentar o traseiro no sofá e tomar aquela cerveja, o problema é fazer esse jovem pensar de onde veio aquilo que está consumindo, e quanto custou ao meio ambiente aquela latinha gelada de alumínio com álcool, água, cevada e gás? É insuficiente a preocupação dessa juventude com a vida do amigo urso, peixe, lagarto, onça, tatu, baleia e macaco, seja do outro lado do mundo, ou no quintal de sua casa.

Apenas selecionar ou diminuir aquilo que é consumido não é o suficiente. A educação também é muito importante, mas a mobilização juvenil é a chave. Em épocas de ditadura militar essa juventude, melhor dizendo, aquela; ensinou como se faz a diferença, mas vale lembrar que o grito de liberdade contra a repressão se deu apenas quando a coisa estava muito ruim. Enfim só se toma partido das coisas quando se sente na pele.

A liberdade hoje existe, mas estes seres ditos inteligentes estão aprisionados a um modelo de desenvolvimento a qualquer custo aplicado por políticos que eles mesmos escolheram. Se a sociedade indicou seus líderes irão reclamar depois de eleito? Por que não se pensou antes?

As políticas, ditas públicas, não estão fazendo efeito, aliás, até estão; mas somente para um pequeno grupo empresarial e político, que precisa de soja, carvão, minério, lenha, madeira, água, e etc. Existe uma verdadeira incompetência administrava na política brasileira para com os recursos naturais, mas essa meninada ainda não aprendeu a gritar, só a cheirar, fumar e injetar aquilo que é mostrado na mídia.

Os rios secam como se fosse sugados por esponjas, o calor aumenta como um microondas, as matas somem em meio a fumaça, os animais caem ao som da bala, pessoas morrem por falta de comida, tsunames e furacões se revoltam e arrastam tentam purificar a sujeira do homem, e enquanto isso rapazes coçam o saco e moças alisam os cabelos como se nada estivessem acontecendo. É uma verdadeira “volúpia mortífera”.

Essa juventude só irá se conscientizar, e confrontar, quando a cerveja, o carro, o churrasco, as roupas e outros produtos dependentes de matérias primas da natureza estiverem racionalizados, ou inacessíveis, a exemplo da água. O jovem ainda é imaturo com o conceito de equilíbrio, em especial, o ambiental. Meninos e meninas caem na farra e usam as drogas produzidas pelas chaminés de sonhos, e em uma dessas alucinações transam sem camisinha com o planeta antes mesmo de chegar a maior idade, e como conseqüência nasce um filho o qual não sabem nem enxugar as lágrimas.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Corre onça, anta e tatu, voa anhumas, araras.....


Por Tânia Martins

Não desvalorizando outros oásis encravados no Piauí, mas a Serra Vermelha é sim, o mais importante e valioso tesouro natural dos piauienses. Cheguei a essa conclusão ouvindo por dois anos pesquisadores, ambientalistas, o povo do lugar, além de leituras de relatórios, nota técnica e leis. A área, segundo levantamento do Ministério do Meio Ambiente, é prioritária para a conservação por abrigar uma das maiores biodiversidade do interior nordestino.

No levantamento prévio realizado por técnicos do ministério foi encontradas espécies de animais ameaçados de extinção como a onça pintada jacutinga, jacucaca zabelê, tatu canastra, tamanduá-bandeira, sagüi da serra.... O relatório da equipe observa que as nascentes do Rio Gurguéia afloram no topo da serra e que “a região apresenta rica história arqueológica e climática e os elementos da fauna e flora, característicos da Amazônia são testemunhas de épocas em que o clima no sertão do Brasil proporcionava o crescimento de florestas úmidas”.

Falam também de um grande ecótono onde se encontram os biomas Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica. Os opositores costumam dizer que a Mata Atlântica não está na Serra Vermelha, no entanto, a Lei que protege a vegetação considera sua presença na área chamando-a de “enclaves florestais nordestinos”.

O respeitado Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA, reunido em 22 de fevereiro de 2006 alertou ao MMA que agilizasse a proteção da região oficializando a criação de uma unidade de conservação antes que desapertasse a cobiça de empresas interessadas em seus recursos. A indústria do carvão, no caso a JB Carbon, foi mais esperta e já havia conseguido autorização de quem deveria proteger as matas, IBAMA e Secretaria de Meio Ambiente-SEMAR, para destruir tudo e lucrar muito vendendo suas árvores mortas para manter vivos os fornos das siderúrgicas brasileiras.

Choveram protestos e Ações judiciais que levaram a paralisação do crime. Entrou em cena a força da ministra Marina Silva que reconheceu o valor biológico e patrimonial da Serra Vermelha. Foi um alívio quando se soube que ela havia autorizado a criação do Parque Nacional Serra Vermelha, principalmente pelas futuras gerações e pelo aquecimento do planeta.

Infelizmente, a ministra não agüentou a pressão dos abutres deixando o ministério. Era tudo o que queriam os destruidores da última floresta do semi-árido nordestino. O bando logo armou um esquema para convencer o midiático novo ministro, Carlos Minc, a devolvê-los a Serra Vermelha. Representando os interesses da JB Carbon, o governador Wellington Dias foi ao ministro pedir proteção para os inimigos predadores da floresta. Soa muito estranho o comportamento da autoridade máxima do Estado que, deveria sim, defender o rico patrimônio natural do povo do Piauí, incluindo seus descendentes que virão.

Falam que a JB Carbon, já desgastada pelo o fracasso do projeto Energia Verde, embora clandestinamente tenha continuado devastando a mata do Chapadão do Gurguéia, resolveu que vai mudar o foco da destruição e partir para montar uma termoelétrica movida a árvores dos biomas presentes. Contam nos bastidores do IBAMA que a empresa se compromete em sair catando as árvores da Mata Atlântica para deixá-las em pé, respeitando a Lei, e engolir as do Cerrado e da Caatinga que pra eles só têm valor quando sai dos fornos como carvão.

Sobre o assunto, disse o professor Cineas Santos: “não se preocupe irmãzinha, a História há de puni-los. Já Niéde Guindon comentou: “não tem problema, eles só vão acelerar o processo de desertificação da região que virá mais rápido”. Acrescento as falas trechos do poema de Elio Ferreira “O negro fala da Serra Vermelha”
Serra Vermelha – meu Paraíso Verde...

Oh, Deus da chuva, dos rios e da floresta!
Oh, Deus dos homens, dos bichos e da natureza!
A mata virgem virando carvão vegetal e fumaça...
A bicharada em alvoroço sem ter pra onde ir:
Corre onça, maçaroca, macaco e tatu.
Corre veado, anta, cutia e caititu.
Corre camaleão, cobra, gambá...
Voa garça, pato, marreco, Chico preto e arara azul...

terça-feira, 30 de setembro de 2008

_Riacho do Mutum pulsa no sertão piauiense_


O Piauí possui diversos rios e riachos importantes e um deles é o Riacho do Mutum, localizado no município Nazária, a 38 km da capital Teresina, e que se encontra ameaçado pela ação predatória do homem, mas ainda flui pela mata desenhando a paisagem.

O contraste da mata verde no meio de serras de vegetação seca encanta os olhos do homem, e faz despertar para a importância da biodiversidade do Piauí. O fato pode ser presenciado próximo da capital Teresina, na pequena cidade de Nazária.

Para o agricultor, Antônio Carlos, que mora na região há trinta anos, o riacho encontra-se deteriorado, e ele afirma que se a nascente não for protegida o manancial morre.

“Eu conheci esse riacho com muita água e muito peixe, mas tenho percebido que a água baixou muito. E acho que se continuar assim, com o pessoal desmatando, ele vai embora é cedo.”, disse Antônio lamentando.

No riacho ainda pode ser visto vários pássaros e os moradores afirmam que ainda existe muitos animais, como onça, tatu, veado e macacos na região. Na região possui mata de cocais e cerrado sendo uma área de transição.


O olho d’água que dá origem ao riacho ainda pulsa como uma veia da floresta, mas os mais velhos dizem que antigamente bastava um pequeno grito para fazer a água borbulhar com força na nascente.

Um outro problema que a nascente enfrenta é o desmatamento decorrente pela existência de um assentamento chamado de Projeto, onde os trabalhadores sem a qualificação técnica necessária desmatam do lado do manancial. Com isso o riacho que deságua no Rio Parnaíba é ameaçado pelo assoreamento, pois a terra é muito frágil.

Para o agrônomo e ambientalista, Avelar Damasceno, medidas devem ser tomadas para que o riacho do Mutum não desapareça, pois o poder público deve dar a assistência técnica necessária para a comunidade, e principalmente, fiscalizar, proteger e estimular as matas ciliares consideradas prioritárias.

“Existe muitos riachos como esses abandonados pelo Estado, deve ser feito um trabalho urgente para administração desses recursos naturais de forma participava e eficaz pensando nas gerações futuras.”

Assista o vídeo da nascente:

http://www.youtube.com/watch?v=cuo5cp3P20Q

segunda-feira, 30 de junho de 2008

O “efeito grito” contra a Ditadura Ambiental

O Piauí atualmente vive um momento de “Ditadura Ambiental”.


Imagem: GRENIPE


Protesto em frente ao Paláci de Karnak


O movimento ambientalista no Piauí é feito por um pequeno grupo de pessoas, mas novos personagens começam a aumentar e fazer parte deste processo. Foi o que pude registrar, nesta última sexta-feira (24), durante uma mobilização pela salvação do planeta. A iniciativa foi do Grêmio Estudantil Nilo Peçanha do CEFET e da Rede Ambiental do Piauí – REAPI após palestras no auditório da instituição sobre meio ambiente com voluntários da rede.

Como acadêmico de jornalismo, e principalmente, ambientalista, pude participar deste “ato semente”, o auditório estava cheio com mais de 250 estudantes, e após as palestras os estudantes decidiram ir até as ruas de Teresina semear protestos contra a destruição do meio ambiente piauiense.

O Piauí atualmente vive um momento de “Ditadura Ambiental”, pois as iniciativas são tomadas apenas na esfera governamental, enquanto a participação dos movimentos sociais durante as decisões não são colocadas nem em segundo plano. Mas esquecem eles (políticos) que como na ditadura militar sempre irão surgir ideologias diferentes gerando ações diretas e verdadeiras, a exemplo do Movimento Estudantil da década de 60, que colaborou para a derrocada do regime ditatorial. Mais recentemente no caso Serra Vermelha o Governo do Estado do Piauí junto com o IBAMA viabilizaram a destruição de 78 mil hectares de uma das mais importantes biodiversidades do planeta, só que o problema é que eles esqueceram de um grupo articulado e ideologicamente forte, os ambientalistas.

Cartazes e faixas denunciam
Lutar pela causa ambiental no Piauí é tarefa dura, principalmente, quando o indivíduo questiona alguma forma de desenvolvimento. Vale citar aqui Francisco Alves Mendes Filho, o seringueiro ambientalista Chico Mendes, que usou seu próprio corpo para proteger a floresta Amazônia contra os projetos devastadores, onde muitas vezes foi acusado por fazendeiros e políticos locais de prejudicar o "progresso" em 1987. Após 20 anos aqui no Piauí ainda se perpetua esse pensamento por lideranças políticas e empresariais de que ambientalista faz terrorismo contra o desenvolvimento.

Será que esses novos personagens que se manifestam não ruas com faixas, apitos, cartazes e gritos de justiça fazem parte de uma nova tendência de revolução no Piauí bem como no planeta?

Creio que com tantas catástrofes ambientais acontecendo, e cansado de ouvir as pessoas reclamarem nas paradas de ônibus do calor, irá aparecer alguém gritando contra essa situação, e desse “efeito grito” haverá alguma pessoa que o chame de idiota, mas sempre existe várias outras na parada de ônibus com calor e de ouvidos atentos.

Estudantes pedem justiça
O “efeito grito” foi expresso nesta sexta-feira por cartazes, faixas e vozes de jovens estudantes contra o “desenvolvimento a qualquer custo” aplicado como uma injeção letal pelo atual governo em parceria de deputados. Os cartazes traziam as seguintes mensagens: “Soja destrói o Cerrado, Serra Vermelha quase se foi. Qual será a próxima governador, Carvão não é desenvolvimento, Fora BUNGE e JB Carbon, Fora Dalton MAUcambira (secretário de meio ambiente), Deputados do Piauí querem destruir a Serra Vermelha, Mamona não é comida” e outros. Os manifestos foram colocados na frente do Palácio de Karnak.

O dito desenvolvimento para o Piauí com a produção de soja, mamona, cana e carvão causam a formação destas frases, e com certeza outras mobilizações ainda maiores surgirão, pois o aumento destas supostas práticas desenvolvimentistas devastam sem retorno. E a Terra não vai querer saber quem foi bom, ou mal, enfim, todos pagarão na mesma moeda.

Paulo Zotollo, presidente da multinacional Philips, foi infeliz em seu comentário a respeito do Piauí, mais infeliz ainda, é termos que aceitar o Piauí ser transformado em uma “grande caieira” beneficiando multinacionais que só trazem riquezas para gringos e gaúchos.

O planeta vai dar a resposta em breve. Catástrofes maiores estão por vir devido a falta de consciência das pessoas e principalmente pela INCOMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA desses ditos lideres.