No sul do Piauí está localizada a Serra Vermelha, a qual possui uma importante floresta brasileira, que é considerada um ecótono, com presença de três biomas: caatinga, mata altântica e cerrado. Estudos do Ministério do Meio Ambiente – MMA apontam que a região é uma área prioritária para a preservação, e existia na época da ex-ministra, Marina Silva, o interesse por parte do MMA de se criar mais uma Unidade de Conservação no Brasil, mas o governador do Piauí, Wellington Dias, vetou a criação do Parque Nacional, juntamente com o ICMbio favorecendo novamente as inúmeras carvoarias.
A reunião para decidir o futuro da Serra Vermelha foi realizada a portas fechadas na sede do governo do Piauí, nesta última segunda-feira (08), com a participação do governador, IBAMA, e do presidente do ICMbio, Rômulo Melo. Na pauta estavam a Serra Vermelha, revisão do mapa da mata atlântica no Piauí e da criação do projeto de conservação do peixe-boi no litoral piauiense.
O governador está fazendo manobras para evitar a criação do Parque, sendo que na primeira delas ele deseja retirar o Piauí da Mata Atlântica, e a outra é fazer com que o presidente Lula assine um decreto, no próximo dia 05 de março, que amplia o Parque Nacional Serra das Confusões em 193 mil hectares, com isso deixará de fora mais de 300 mil hectares da Serra Vermelha, beneficiando assim, empresários que devastam terras públicas para a produção de carvão destinados as siderúrgicas e estimulando o trabalho escravo.
O movimento ambiental no país tem se mobilizado e apoiado a criação do Parque Nacional com uma campanha em defesa da Serra Vermelha, organizada pela Rede Ambiental do Piauí e importantes ONGs como a Fundação Rio Parnaíba. Mas o movimento ambiental teme pelo pior, pois o governador do Piauí foi financiado na última eleição pelo ramo da siderurgia e está comprometido com os interesses destas empresas. O fato pode ser comprovado nas contas de campanha política no site do TSE, onde o governador do PI recebeu 150 mil reais da Companhia Siderúrgica Nacional - CSN. A criação da UC fere os interesses de grandes empresas poluidoras ligadas ao ramo.
A região abriga diversas espécies ameaçadas de extinção a exemplo do primata bugio, da anhuma e da onça pintada, e com a não criação do Parque a floresta pode desaparecer ainda mais depressa.
Por Dionísio Neto
Rede Ambiental do Piauí – REAPI
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