Em 1972 foi criado o Dia Mundial do Meio Ambiente em virtude de um encontro promovido pela ONU (Organização das Nações Unidas) para discutir assuntos ambientais entre diversos países, mas o mundo, e especialmente, o Piauí, não tem o que comemorar.
O meio ambiente está de luto. Isso se deve ao processo acelerado de desenvolvimento insustentável em diversas regiões do Estado. Estudos recentes apontam que o Piauí tem perdido enormes áreas de sua biodiversidade para dar lugar as monoculturas e a mineração.
A falta de gerenciamento dos recursos naturais e do ambiente urbano no Piauí está provocando danos irreversíveis para as gerações futuras. Investimentos em setores ambientais por parte do poder público são hoje insuficientes. Falta de fiscalização e a morosidade de se apurar as denúncias tem feito a floresta se atrofiar cada vez mais rápido. Estudos recentes da Universidade Federal de Minas Gerais e Fundação Osvaldo Cruz revelam que o Piauí terá até 2050 um encolhimento 70,1% de terras agricultáveis, um provável aumento de 24% na taxa de migração, queda no PIB e mais gastos com a saúde.
A crise climática é uma realidade próxima e os efeitos já são visíveis. Falta empenho não só da classe política, mas um envolvimento e preocupação maior da comunidade na gestão dos recursos naturais, e também na hora do voto nas eleições de outubro, pois a escolha dos líderes é fator primordial para manter a harmonia entre a economia, o social e o ambiental.
A falta de políticas públicas eficazes, e na maioria das vezes o cumprimento delas, tem acelerado o processo de destruição de nossa casa. O pior disso tudo é que ainda existem políticos como Aldo Rebelo (PCdoB-SP), Osmar Junior (PCdoB-PI), Marcelo Castro (PMDB-PI) , Moacir Micheletto (PMDB-PR), dentre outros, que se intitulam ruralistas, e querem alterar nossa legislação ambiental para beneficiar empresas destruidoras do meio ambiente. Sem falar que muitos deles são financiados por tais empresas.
O ano de 2010 foi intitulado o Ano da Biodiversidade, e um último relatório da ONU aponta que um dos principais problemas relacionados a perda de biodiversidade se dá por conta do barramento dos recursos hídricos, os quais provocam um maior aumento na quantidade algas causando uma diminuição na biodiversidade aquática. Essa triste cena já é uma realidade no Rio Parnaíba , pois a barragem de Boa Esperança alterou a vida dos peixes, e para piorar o rio ainda vai receber cinco barragens sem eclusas. A obra é vai mudar completamente a bacia do rio, e principalmente, a vida de diversas cidades e comunidades. Pena que os peixes, árvores, insetos, aves, répteis e outros animais não podem falar e contestar, pois é o homem que manda; aliás, o homem não, e sim a raça dos políticos.
Nossas maiores riquezas são os recursos naturais, que estão sendo entregues em troca de um desenvolvimento insustentável e por favores políticos. Um exemplo claro é caso da Serra Vermelha, e novamente o problema veio a tona nessa semana do meio ambiente, pois o governador Wilson Martins (PSB) ampliou o Parque Nacional da Serra das Confusões em 299 mil hectares, mas deixou de fora a área mais bonita. Vale lembrar que essa área foi considerada pública devoluta, e a empresa JB Carbon se apossou. A JB foi denunciada nacionalmente e parada pela Justiça Federal. Vale lembrar que a JB Carbon é uma das heranças malditas do ex-governador Wellington Dias o qual, segundo o TSE, foi financiado pela Companhia Siderúrgica Nacional, pois a CSN possui empresas que precisam do carvão originado das florestas do Piauí.
Não distante da Serra Vermelha outro problema se alastra com a expansão do deserto vermelho na região de Gilbués, considerado o maior em expansão da América Latina, que aumenta a cada dia com a contribuição do agronegócio e de uma empresa que ainda explora diamantes. A DM Mineração possui todas as licenças para funcionar, e é de um primo do governador de nome Heraldo Martins.
O dia 05 junho não deve ser a única data para todos lembrarem do meio ambiente, mas todos os dias do ano devem ser incorporados como o dia 05 de junho. Enquanto isso não acontece a fauna, flora, as cidades e os recursos hídricos agonizam. E o Dia Mundial do Meio Ambiente fica marcado como um dia a ser lembrado por luto.
Dionísio Neto
Jornalista Ambiental, estudante de Gestão Ambiental e coordenador de mobilização social da Rede Ambiental do Piauí – REAPI
http://ecodio.blogspot.com/
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