Por Jéssica Monteiro
Foto: Dantércio Cardoso
Com a justificativa de que o Código Florestal vigente impede o desenvolvimento agropecuário dos estados do Piauí e do Maranhão, o deputado e presidente da Comissão de Agricultura da Câmara Federal, Júlio César Lima (DEM-PI), pediu ao relator do projeto que implanta o novo Código Florestal, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), o fim da moratória que impede o Estado de desmatar e explorar os cerrados por cinco anos.
Contra o posicionamento dos deputados, o Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS) defende que a moratória não irá atrapalhar a produtividade. O coordenador da entidade no Piauí, Dionísio Neto argumenta que o Estado ganhará muito mais preservando a vegetação nativa. “Se o desmatamento continuar, a economia, a biodiversidade e a qualidade de vida serão muito afetadas. Não estam pensando no futuro, se derrubarem a moratória será um retrocesso”, prevê Dionísio.
Acusando os gestores de “analfabetos ambientais”, o coordenador explica que a moratória evita a derrubada de árvores em Áreas de Preservação Permanente (APP) e garante a evapotranspiração. “Margens de rios, morros e encostas são APP’s. Desmatar essas áreas interfere no clima, na paisagem e na economia. Além do mais, quando chove, as florestas são responsáveis por 70% do retorno da água para a atmosfera, completando assim o ciclo da chuva. Interromper esse ciclo irá interferir diretamente na produção no campo”.
De acordo com Dionísio, o “desenvolvimento a qualquer custo” é uma política de parlamentares financiados pelo agronegócio e interessados em eleições futuras. “Estamos aguardando o posicionamento dos outros parlamentares, como a deputada Iracema Portela e o deputado Paes Landim. Os deputados Marcelo Castro, Osmar Júnior e Júlio César são verdadeiros exterminadores do futuro”.
Segundo o deputado Júlio César Lima, a moratória impede o crescimento de todo o setor produtivo agrário do estado, pois o Piauí possui a maior área de cerrado do país, com mais de oito milhões de hectares de terra agricultáveis. Deste total, pouco mais de 5% está sendo explorado economicamente. “O agronegócio é a nossa vocação”, afirmou Júlio César.
Segundo o portal da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), presidente da Câmara, garantiu nesta quinta-feira (07) que o projeto que modifica o Código Florestal (PL 1876/99), somente será encaminhado para votação quando houver acordo sobre a proposta. Maia afirmou que o relatório dos trabalhos da câmara de negociação do Código Florestal, previsto para ser entregue na próxima semana, e uma possível proposta enviada pelo Governo serão analisadas e levadas para debate com os partidos.
Fonte: Portal AZ
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