terça-feira, 23 de junho de 2009

Imprensa golpista: crescimento de cidade no Piauí nada tem a ver com estabilidade econômica, mas eles insistem


Segue abaixo reportagem do Correio Braziliense, falando da cidade de São Raimundo Nonato, no sul do Piauí, uma das regiões mais pobres do Brasil.

Eles querem atrelar a estabilidade da moeda ao crescimento da cidade, mas uma coisa não tem nada a ver com outra, a própria reportagem denuncia, como podemos observar nas partes que destaquei em negrito.

Fiz alguns comentários em vermelho, ao longo do texto. A qualidade da reportagem é péssima, apesar da enorme oportunidade que houve de se conhecer a nova realidade do interior do Nordeste.

Os golpistas da grande mídia com essas e com outras mostram que cada vez estão mais decadentes e mais próximos da TIRAGEM ZERO, que é o fim que terão, se continuarem bajulando quem odeia o Brasil e os brasileiros.
15 ANOS DE ESTABILIDADE

Abraços e boa semana!
Sergio Telles

Link: http://www.portaldomeioambiente.org.br/pma/index.php?option=com_content&view=article&id=694



Era uma vez o bode que movia o real...

Link: www2.correioweb.com.br:80/cbonline/economia/pri_eco_253.htm

Vicente Nunes

São Raimundo Nonato (PI) — Havia quase cinco anos que Arismar Gomes Landim, 28 anos, tentava a sorte entre Brasília e São Paulo. Sem trabalho na sua cidade natal, a pequena São Raimundo Nonato, encravada aos pés da Serra da Capivara, no sul do Piauí, se dispôs a fazer de tudo um pouco nas duas capitais para tirar o dinheiro do pão de cada dia. Mas sua cabeça não saía da terra onde nasceu. Sabia que ali estava a oportunidade que vinha buscando. Sem nada fixo à vista, mesmo tendo aprendido tudo sobre jardinagem, há pouco mais de um ano guardou o pouco que tinha numa pequena sacola e voltou para perto da família. Até agora não se arrependeu.

A cidade que tinha deixado para trás se rendeu à febre que varreu o Nordeste e boa parte do país: a dos mototáxis. Como vários colegas, Arismar se aventurou a encarar um financiamento com prestações a perder de vista e comprou a moto que lhe rende entre R$ 800 e R$ 1 mil por mês. Seus passageiros vêm, principalmente, da zona rural e das 12 cidades que rodeiam São Raimundo Nonato. O município se transformou no grande polo econômico daquela que é considerada uma das regiões mais pobres do país. “A vida está bem melhor aqui. Tinha rodado muito por Brasília e São Paulo, mas não consegui nenhum emprego fixo que me desse segurança”, diz. “Agora, tenho a minha moto, sou credenciado pela prefeitura. Há perspectivas de melhora”, acrescenta.

A volta de Arismar à terra natal foi possível graças às profundas mudanças ocorridas na economia de São Raimundo nos últimos 15 anos. Desde que o Plano Real foi lançado, em julho de 1994, com a missão de debelar um crônico processo de hiperinflação, a cidade foi, aos poucos, deixando de ser dependente da criação de bode e da agricultura de subsistência, então as principais fontes de sustento das famílias locais. Hoje, há um comércio forte, liderado por algumas das maiores redes de varejo nordestinas. Os bancos estão ampliando as suas agências — as únicas, por sinal, num raio de centenas de quilômetros. O setor de turismo, que sempre capengou, apesar de a região abrigar um dos maiores sítios arqueológicos do mundo, dá sinais de vitalidade. Também mineradoras e produtoras de biocombustíveis decidiram fincar pé no entorno do município.

“A realidade aqui realmente é outra. Nesses anos de estabilidade econômica, as obras públicas foram ressurgindo, os bancos voltaram a dar crédito às pessoas e às empresas, a renda da população aumentou e abriu-se outras frentes de negócios, que permitiram a criação de mais postos de trabalho”, afirma o secretário de Infraestrutura, Cleisan Ribeiro de Negreiros. Para se ter uma ideia das mudanças ocorridas na estrutura econômica de São Raimundo, mais de 60% dos trabalhadores estão empregados no setor de serviços, que inclui o comércio e, claro, o de mototáxis. O índice de desemprego, que chegou a quase 30% no final dos anos 1990, está mais próximo da média do país, de 10%. “Muita gente que trabalhava no campo acabou sendo absorvida por essas novas frentes de trabalho”, ressalta o secretário.

Jegue é passado

Foi o caso de Juracy Ribeiro dos Santos, 48, que trocou a enxada pela direção de uma moto. Curiosamente, seus maiores clientes estão na zona rural. “Ninguém quer saber mais de andar de charrete ou em cima de um jegue. O negócio aqui é moto”, conta ele, que faz parte de um exército de 100 motoqueiros credenciados pelo governo local. Estima-se que, por semana, pelo menos 20 mil pessoas de fora de São Raimundo (que tem 31 mil habitantes) passem pela cidade em busca de algum serviço — saúde, educação, bancos, Justiça e comércio. “Nos três últimos dias da semana, o centro da cidade fica intransitável”, relata Lucas de Macedo Negreiros, presidente da Associação São Raimundense dos Empreendedores de Turismo, entidade que reúne hotéis, bares, restaurantes e similares. “Fica tudo lotado”, reforça.

Ou seja, se, há 15 anos, os dias de movimento se resumiam à semana de pagamento de aposentados e pensionistas da Previdência Social, agora, São Raimundo lucra com os salários pagos pela iniciativa privada, com os benefícios do Bolsa Família e, claro, com os bons rendimentos dos servidores públicos. “Somando os cargos da Prefeitura, do governo do estado e do governo federal, o setor público emprega quase 10% da população da cidade”, contabiliza o secretário municipal de Infraestrutura. “Nesses últimos anos, a União abriu unidades de atendimento ao público de vários órgãos, como a Receita Federal, o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e o Sebrae”, emenda Lucas Negreiros.

Com o comércio tão ativo e a busca por serviços públicos cada vez maior, o empresário conta que a cidade está tendo de ampliar a sua capacidade de hospedagem. “O número de representantes comerciais e de funcionários públicos em trânsito é crescente. Nossa rede de hotéis e de pousadas já não está suportando o fluxo de pessoas, acrescidas pelos turistas”, diz. Ele próprio está finalizando um projeto para ampliar a sua pousada, a Zabelê. A meta é duplicar o número de quartos (17) e de leitos (43) ao longo do ano que vem. Os investimentos vão passar de R$ 1 milhão. O Hotel Serra da Capivara, pertencente ao governo do estado, abrirá, até o fim deste mês, mais 25 quartos — hoje, são 19. “De imediato, vamos disponibilizar mais 150 leitos ante os 300 já existentes”, destaca.

Sustento da tradição

Apesar de tantas transformações, Sidnaura Araújo, 31, mantém firme a tradição do sustento da família: a venda de carne de bode. A banca que ela abre tão logo o dia clareia é uma das mais movimentadas do Mercado Municipal. “Não posso reclamar de nada. Minhas vendas estão em alta. Se, há cinco anos, vendia cerca de 100 quilos de carne por dia, agora, são 200”, conta. Ela diz que a principal razão da procura crescente pelo bode é o aumento da renda. “Já não dependemos mais só dos aposentados, do ‘Dia dos Velhos’, quando saem as aposentadorias do INSS. A clientela cresceu bastante, há mais gente empregada — ela mesma, contratou três funcionários recentemente — e o salário mínimo aumentou”, assinala.

Outra vantagem, afirma Sidnaura, é o preço: em 15 anos, o quilo do bode passou de R$ 1,45 para R$ 7, um aumento de 382%, alta próxima do Índice de Preços ao Consumidor Amplo, de 342%, acumulada no período (a conta considera inflação de 0,3% em junho). “A carne de boi está mais cara e a carne de porco, quase ninguém quer por causa da gripe suína”, afirma. “Além disso, tem o hábito. Todo mundo sabe que a carne de bode é a mais saudável”, complementa a Galega, como é conhecida em toda a cidade.

Nem tudo, porém, é motivo para comemoração, diz Sidnaura. “Fazer compras no supermercado está complicado. Há alguns anos, com R$ 100 eu comprava muita coisa. Hoje, só o básico. Nada supérfluo”, comenta. Luxo, para ela, é o iogurte de que o filho mais velho, de 13 anos, tanto gosta e que, por ironia, foi um dos símbolos do plano que consolidou um bem do qual nenhum país pode abrir mão: a estabilidade econômica.

Fonte: 3Setor .

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