quinta-feira, 4 de março de 2010

GOVERNO PLANEJA TERMOELÉTRICA NO PIAUÍ

GOVERNADOR E MINISTRO DO MEIO AMBIENTE PODEM SER BENEFICIADOS PELO EMPREENDIMENTO

Por André Pessoa

A portas fechadas, longe dos holofotes da grande mídia e do discurso eleitoral do PT, o Governo do Piauí se mobiliza e pode ver aprovado nos próximos meses a instalação de uma termoelétrica na área da Serra Vermelha, no sul do estado, aonde resiste uma das mais importantes formações florestais do Nordeste. Denominada de Redenção Bioenergética da multinacional européia Tractebel Energia S.A., a ideia seria melhorar o abastecimento de energia elétrica da microrregião de Bom Jesus do Gurguéia, que tem grandes projetos agropecuários, utilizando carvão vegetal para mover a usina, uma das mais atrasadas e ecologicamente condenáveis formas de se produzir energia.

Para isso, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente sob a coordenação de Dalton Macambira, quer aprovar o retorno do projeto Energia Verde, de suposto manejo florestal, da empresa carioca JB Carbon, que foi acusada de grilagem de terras e tem planos para derrubar 78 mil hectares da mata nativa de caatinga para produção de carvão num bioma que é exclusivo do Brasil, extremamente ameaçado e apontado pela Conservation International como um dos últimos 38 lugares selvagens da Terra.

“Pelo projeto em andamento nos bastidores do governo, a empresa deixa de fora áreas com comprovada ocorrência de mata atlântica devido a grande repercussão internacional das ameaças a esse ambiente e engloba outros trechos de florestas nativas de caatinga, adquiridas na própria região novamente de forma suspeita” denuncia o presidente da Fundação Rio Parnaíba, Francisco Soares, que também é membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), um órgão da sociedade civil que auxilia o Ministério do Meio Ambiente nas políticas de conservação.

Apesar da Justiça Federal ter paralisado o empreendimento através de uma série de ações, além do governador Wellington Dias e do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, a manobra envolve diretamente os secretários estaduais Dalton Macambira, do

Meio Ambiente, e Sérgio Vilela, de Relações Internacionais, além do superintendente do Ibama no Piauí, Romildo Mafra. “Todos eles coordenados pelo funcionário do Ibama, Carlos Moura Fé, que atualmente está licenciado do órgão federal e ocupa o cargo de Assessor Especial da Secretaria Estadual do Meio Ambiente” acusa Soares.

A prova incontestável do projeto que vem sendo tocado sob sigilo pelo Governo do Piauí, Ibama, ICMBio e MMA está em um mapa elaborado pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e que vazou para imprensa. Nesse documento, fica claro a armação política que se desenrola com a ampliação do Parque Nacional Serra das Confusões, divulgada nos últimos dias como a suposta “proteção” da Serra Vermelha. “Ao contrario, conforme se observa no mapa que tem o DNA do governo, os limites apontados pelo documento não englobam as chapadas da Serra Vermelha, local de maior biodiversidade do interior nordestino conforme pesquisas do Museu de Zoologia da USP”, dispara o jornalista e ambientalista Dionísio Neto que é um dos coordenadores da Rede Ambiental do Piauí (Reapi).

Pelo que se observa no documento, fica comprovado que o governo pretende retomar o projeto Energia Verde como uma iniciativa auto-sustentável com o argumento de que, agora, o carvão produzido na região, ao invés de abastecer as indústrias siderúrgicas do Brasil e do exterior, seria utilizado para gerar energia através de uma termoelétrica instalada na Serra Vermelha sob a responsabilidade da Tractebel, que atua no Brasil mais tem origem na Bélgica.

Como vários tipos de geração de energia, a termoeletricidade também causa impactos ambientais e o principal deles é a contribuição para o aquecimento global através do efeito estufa e da chuva ácida. A queima de gás natural lança na atmosfera grandes quantidades de oxidantes e redutores, que se entrar em contato com o ser humano, pode acarretar doenças como diarréia, alem de ser um combustível fóssil que não se recupera.

Atualmente o Brasil lança por ano 4,5 milhões de toneladas de carbono na atmosfera e com o incremento na construção de usinas termelétricas esse indicador poderá chegar a 16 milhões nos próximos anos. “Chamam-se termo-elétricas por que são constituídas de 2 partes, uma térmica onde se produz muito vapor a altíssima pressão e outra elétrica onde se produz a eletricidade. A energia elétrica é produzida por um gerador que possui um eixo movido por uma turbina que é alimentada através de um vapor sob forte pressão. Depois do uso o vapor que é produzido por uma caldeira alimentada pelo carvão vegetal é devolvido na atmosfera”, explica o ambientalista Francisco Soares.

A usina termelétrica a ser implantada na região da Serra Vermelha teria a capacidade de produzir 100 megawatts e seria alimentada através da biomassa produzida pelo projeto Energia Verde. “O empreendimento é grandioso e tem na sua liderança o empresário João Batista Fernandes, suspeito de grilagem de terras e de financiar campanhas do PT no Piauí”, confirma Dionísio Neto.

Clique na imagem e veja ela em detalhes.



Nenhum comentário: