sexta-feira, 11 de março de 2011

BOLSA VERDE TENTA ESCONDER GRANDES DESMATAMENTOS

Dalton Macambira acredita que os "pobres" são os que mais desmatam


O secretário estadual de Meio Ambiente, Dalton Macambira (PCdoB), voltou a ocupar espaço na mídia de Teresina para lançar a ideia de uma Bolsa Verde, nos moldes do programa Fome Zero, que seria pago aos
pequenos agricultores do Piauí para evitar desmatamentos e queimadas. Para o secretário, os "pobres" são os principais responsáveis pela destruição ambiental do Piauí.

"O projeto poderia até parecer interessante se o seu principal objetivo não fosse esconder as grandes empresas, fazendeiros ou grileiros, que estão acabando com a natureza piauiense", disse a jornalista Tânia Martins, coordenadora da Rede Ambiental do Piauí (Reapi), entidade que conta com a participação de várias outras organizações não governamentais (Ong's).

No ano de 2007, durante um encontro da Justiça Federal em Teresina, Dalton Macambira, afirmou que os "pobres" seriam os principais responsáveis pela destruição da natureza no Piauí. A frase do secretário ganhou capa do jornal Meio Norte e uma forte repercussão não apenas no Piauí mais em vários outros estados. Na época, Dalton se desculpou afirmando que o jornalista Efrém Ribeiro, autor da reportagem, tinha entendido errado.

Para saber maiores detalhes sobre a posição do secretário de meio ambiente do Piauí em relação aos pobres, basta digitar no google: 'Dalton Macambira + pobres' que nada menos nada mais do que 4 mil
ocorrências lembram o fato. "O interessante na proposta do secretário é que são os grandes proprietários que estão desmatando o Piauí, no entanto, quanto a isso, ele não fala uma só frase", disse o ambientalista Dionísio Neto.

Pelo projeto de Dalton Macambira, os pequenos agricultores do Piauí receberiam uma espécie de Bolsa Família, no caso a Bolsa Verde, para evitar queimadas e desmatamentos. Além disso, o secretario acredita
que esses trabalhadores poderiam ajudar reflorestando suas propriedades com ajuda do Governo, fato praticamente impossível de acontecer pois a Secretaria Estadual de Meio Ambiente não conta, sequer, com um canteiro de mudas nativas.

Pelas ações do secretário Dalton Macambira no dia a dia isso também parece ser complicado. Na última semana, por exemplo, a TV Cidade Verde fez uma entrevista com o secretário sobre o imbróglio Mata
Atlântica no Piauí, e a primeira resposta do secretário mostra bem seus projetos: "Ninguém consegue fazer licenciamento ambiental, que é o nossa caso aqui na Secretaria, ou nenhum empreendedor vai se instalar com essa insegurança jurídica", disse Dalton Macambira se referindo a Lei da Mata Atlântica.

Para o representante estadual do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), biólogo Francisco Soares, quem efetivamente vem desmatando o Piauí são grileiros e produtores de outros estados que chegam ao Piauí e encontram aqui o território ideal para isso. "Não temos uma política de controle desses desmatamentos. Ao contrário, tudo que está sendo desmatado na região de Curimatá e Morro Cabeça no Tempo para produção de carvão, por exemplo, ocorre sem nenhum controle, e o que é pior, o
Piauí não ganha nada com isso, pois toda produção vai alimentar as siderúrgicas de Minas Gerais".

Um comentário:

Unknown disse...

Lamentável que o Secretário Estadual do M. Ambiente apresente projeto tão descabido e através de um raciocíonio perverso inverta a lógica das responsabilidades ambientais. O Secretário sabe quem promove queimadas e desmatamentos mas tenta desonerar os degradadores das áreas verdes. É preciso imputar as responsabilidades criminais e administrativas aos gestores públicos que descumprem a legislação constitucional e ambiemtal.